Barraqueiro aposta no Brasil para crescer

Grupo de Humberto Pedrosa está a avançar para um projecto de metro ligeiro em Teresina, Estado do Piauí, através de uma Parceria Público-Privada.

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ricardo campos

A cidade de Teresina está a posicionar-se como o próximo centro de expansão da Barraqueiro no Brasil. Capital do Estado do Piauí, no interior do nordeste brasileiro, Teresina quer desenvolver o transporte colectivo como alternativa aos automóveis, através da construção de uma rede de metro ligeiro (VLT - Veículo Leve Sobre Trilhos) para a qual já desafiou o grupo português a participar.

Em Janeiro, uma comitiva que integrou o Governador do Estado do Piauí, Wellington Dias, e o Secretário dos Transportes, Guilhermano Pires, esteve nas instalações do grupo português, para, segundo fonte oficial da Barraqueiro, visitar as explorações de metro ligeiro (MST) e o comboio suburbano (Fertagus) que o grupo explora na área de Lisboa.

De acordo com a mesma fonte, o governo estadual pretende avançar com uma Parceria Público-Privada (PPP), cabendo ao grupo Barraqueiro a “responsabilidade da concretização do projecto”.

A decisão final deverá ser tomada no segundo semestre deste ano, após novas reuniões entre as duas partes. Por parte do presidente da Barraqueiro, Humberto Pedrosa, este já demonstrou “total disponibilidade e interesse” do grupo no projecto. De acordo com o grupo português, além do VLT, Piauí quer também avançar com investimentos como a conclusão da ferrovia que liga São Luís, Teresina e Fortaleza, e uma linha de cerca de 300 quilómetros até Parnaíba.

Ao mesmo tempo, a oportunidade de expandir os negócios neste país alarga-se a mais estados. Recife e Fortaleza estão a planear avançar com sistemas de metro, “existindo também para estes projectos todo o interesse do Grupo Barraqueiro em participar na sua exploração”, refere fonte oficial da empresa, que destaca a capacidade da Barraqueiro na “rentabilização a baixo custo e alta qualidade”. Financiados por fundos públicos, os projectos dos estados federais prevêem que os privados sejam responsáveis “pela operação e manutenção do sistema, podendo ou não participar em parte do investimento”.

De acordo com o grupo português, que além do Metro sul do Tejo gere também o Metro do Porto, os modelos de remuneração ainda não estão definidos, podendo passar pela “modalidade clássica da remuneração do serviço ou afectação da receita de bilheteira”.

Neste momento, o Brasil, onde a Barraqueiro entrou em 2011 (através da aquisição de uma participação numa rodoviária de Manaus), representa já perto de 10% das receitas totais do grupo, que rondaram os 500 milhões de euros no ano passado. O investimento mais recente foi feito em 2016, quando o grupo adquiriu empresas rodoviárias de Fortaleza, o que, segundo a Barraqueiro, “lhe permite ter um peso bastante relevante nos transportes urbanos” desta região. Sobre a conjuntura económica bastante negativa, aliada a uma crise politica, que tem atravessado o país, a Barraqueiro defende que isso não é uma obstáculo ao investimento do grupo neste mercado. “A aposta que o Brasil está a fazer na mobilidade justifica-se, faz sentido e corresponde exactamente às necessidades das populações”, refere a fonte da empresa.

Percurso da Barraqueiro conta com menos passageiros de autocarro

O grupo presidido por Humberto Pedrosa opera na ferrovia (Metro Sul do Tejo, Metro do Porto, e Fertagus) mas é mais conhecido pelas empresas de autocarros de passageiros (ganhas na altura das reprivatizações), como a Rodoviária de Lisboa. Ao todo, incluindo o transporte internacional rodoviário de mercadorias, o grupo opera, em Portugal, cerca de 3300 veículos, que, segundo dados da empresa, se distribuem entre autocarros, comboios, metros e camiões. Anualmente, são transportados mais de 180 milhões de passageiros por ano.

O grupo é líder ibérico no transporte rodoviário suburbano e interurbano de passageiros, mas este já conheceu melhores dias. Dados de 2015 mostram uma quebra de 1,8% no número de passageiros, quando no ano anterior a queda já tinha sido de perto de 5%. Factores como o baixo preço dos combustíveis ajudam a explicar a situação, ao impulsionar o uso de veículos de particulares, tal como uma maior agressividade da CP e das companhias aéreas low cost no eixo Porto-Lisboa-Algarve. Actualmente, Humberto Pedrosa é também accionista da TAP, ao lado de David Neeleman, e do Estado português. Neelman, por sua vez, é dono da Azul, companhia aérea brasileira.

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