Protesto em Paris contra violência policial termina em confrontos

Mais de 2300 manifestantes concentraram-se na capital francesa em solidariedade com Théo L., hospitalizado depois de ter sido brutalizado por polícias.

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As forças de segurança lançaram gás lacrimogéneo contra os manifestantes depois de serem atingidos com projécteis ETIENNE LAURENT

Mais de 2300 pessoas concentraram-se em Paris na tarde deste sábado para protestar contra a violência policial. A manifestação terminou, porém, em confrontos.

De acordo com o jornal francês Le Monde, milhares de pessoas responderam ao apelo de associações antiracistas e de sindicatos e juntaram-se na tarde deste sábado em várias cidades de França para protestarem contra a violência policial, em solidariedade com um jovem francês brutalizado por quatro polícias. 

Théo L., de 22 anos, afirma ter sido violado por um polícia com um bastão, depois de ter sido abordado no bairro onde vivia, Aulnay-sous-Bois, nos subúrbios de Paris, a 2 de Fevereiro. O jovem negro saiu na quinta-feira do hospital onde estava internado há cerca de duas semanas.

Os manifestantes empunhavam cartazes a pedir “Justiça pelo Théo”, “Parem a violência” e “Abaixo o racismo e a violência do Estado”. A polícia parisiense aponta para mais de 2300 manifestantes, enquanto a organização do protesto defende que pelo menos quatro mil pessoas estiveram concentradas na Praça da República, no centro da capital francesa.

O protesto resultou em confrontos com a polícia. De acordo com as agências de notícias, as forças policiais lançaram gás lacrimogéneo contra os manifestantes depois de serem atingidos com projécteis. Dois agentes ficaram levemente feridos, segundo a polícia.

Outros protestos violentos tiveram lugar desde que a situação do jovem foi conhecida. No centro do debate está a relação entre a polícia e os subúrbios, com três milhões de abordagens policiais por ano aos residentes da periferia.

Os polícias envolvidos no caso alegaram que o jovem resistiu à autoridade durante uma busca feita a uma zona de tráfico de droga, mas as investigações têm revelado que houve violência desmedida. O jovem não tinha qualquer cadastro criminal.

“O caso do Théo não é um caso qualquer, é um problema estrutural de violência policial que a França deve ter maturidade para lidar", afirmou o presidente do SOS Racismo, Dominique Sopo.

O dirigente da associação afirma estar "desapontado" com os resultados da reunião das associações anti-racistas com o Governo. "Nenhuma solução concreta foi proposta e nenhuma medida que propusemos foi aceite", lamentou ao Le Monde.

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