Sturgeon avisa May que tem até ao fim de Março para ouvir exigências da Escócia

Primeira-ministra britânica encontrou-se com líderes dos governos autónomos e prometeu "intensificar" trabalho para acomodar as suas propostas no plano de negociações para o "Brexit". Mas sublinha que não têm poder de veto.

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Terá sido a última reunião de May com os líderes dos governos autónomos antes de iniciar as negociações com a UE Ben Birchall/Reuters

Foi provavelmente a última reunião da primeira-ministra britânica com os dirigentes da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte antes de o Reino Unido desencadear o processo formal para a saída da União Europeia, no final de Março. Mas o fosso que separa Londres das autonomias sobre os planos para o “Brexit” não diminuiu e, no final do encontro, a chefe do governo escocês avisou Theresa May que tem até essa data para mostrar que está disposta a acatar algumas das exigências de Edimburgo.

A reunião em Cardiff, no País de Gales, aconteceu dias depois de o Supremo Tribunal britânico, no mesmo acórdão em que obrigou o Governo a obter a autorização do Parlamento antes de comunicar formalmente a Bruxelas a intenção de sair, ter concluído que Londres não precisa de obter o aval prévio das autonomias. Um revés sobretudo para a Escócia, onde a maioria da população votou a favor da permanência da UE, e que considera inaceitáveis os planos de May para a saída britânica do mercado único europeu.

Antes de partir para Dublin, onde foi discutir com o homólogo irlandês as consequências do "Brexit" na relação entre os dois países e na situação da Irlanda do Norte, a primeira-ministra britânica prometeu “intensificar” o trabalho para acomodar as propostas das autonomias no plano com que se apresentará às negociações em Bruxelas. Mas logo pela manhã tinha avisado  que o acórdão do Supremo “deixou claro que [o futuro] das relações com a UE são uma competência do Governo e do Parlamento britânico”.

Nicola Sturgeon, que por várias vezes tem dito que a decisão britânica de abandonar a UE torna mais provavável a realização de um segundo referendo à independência da Escócia, voltou a dizer que as promessas de May não são suficientes. “Até agora, as únicas tentativas de compromisso partiram do governo escocês”, disse a líder nacionalista, sublinhando que precisa de ver “provas tangíveis” de que Londres vai lutar por um acordo diferenciado que permita à Escócia manter o acesso ao mercado único – garantias pedidas também pelo País de Gales, mas que a própria UE considera de difícil execução.

“Em termos de perceber se a voz da Escócia está a ser ouvida neste processo, as próximas semanas serão muito importantes”, disse a líder do governo escocês. Questionada sobre se irá exigir um novo referendo à independência no final de Março – quando o Partido Nacional Escocês se vai reunir em congresso –, a chefe do governo escocês garantiu apenas que fará “tudo o que for preciso para defender a posição escocesa”. “O tempo está a esgotar-se e não podemos continuar indefinidamente com isto”. 

 

 

 

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