Barras de um dos reactores de Fukushima (que derreteram) terão sido localizadas

Acidente na central nuclear japonesa foi há quase seis anos.

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Vista aérea da central nuclear de Fukushima a 24 de Março de 2011, dias depois do acidente Reuters

A empresa Tokyo Electric Power (Tepco), a operadora da central nuclear de Fukushima, no Japão, anunciou esta segunda-feira que localizou resíduos nucleares debaixo do reactor 2 – um dos três reactores cujas barras de combustível dos seus núcleos derreteram durante o acidente de 2011.

Se esta descoberta vier a ser confirmada, é um avanço significativo nas tentativas de limpar a central nuclear, depois de anos de atrasos, passos em falso e fugas de água radioactiva. Encontrar as barras de urânio derretidas pode permitir que a Tepco venha a desenvolver métodos para remover esse combustível nuclear.

Esta segunda-feira, a empresa detectou um amontoado de material escuro mesmo por baixo do reactor durante uma inspecção com uma câmara e não exclui a hipótese de se tratar do combustível nuclear derretido – segundo disse um responsável da empresa em conferência de imprensa. “Este é um grande passo em frente, uma vez que temos dados preciosos para o processo de desmantelamento, incluindo a remoção dos resíduos nucleares.” A empresa vai agora analisar os dados para decidir se enviará um robô até ao reactor nuclear, para mais investigações, acrescentou.

Naquele que é o pior acidente nuclear depois da central de Chernobil (na Ucrânia), em 1986, os núcleos de três reactores da central de Fukushima derreteram na sequência de um sismo muito forte (de magnitude 9) que atingiu a costa do Japão, em Março de 2011, e que originou um tsunami que destruiu uma grande área e causou a morte a mais de 15 mil pessoas. Um dos problemas (entre outros) é que o sistema eléctrico da central ficou destruído, e os núcleos dos reactores 1, 2 e 3 ficaram sem água que os arrefecesse. Como emergência, tiveram de ser arrefecidos recorrendo a água do mar.

Cerca de 160 mil pessoas tiveram de deixar as suas casas depois do acidente nuclear, que causou explosões e lançou materiais radioactivos por toda a prefeitura de Fukushima. É pouco provável que muitas dessas pessoas regressem às suas casas.

A Tepco levou cerca de dois meses a admitir que as barras de combustível dos núcleos dos reactores tinham derretido, confirmando o que os especialistas vinham a dizer há semanas. A empresa já fez alguns progressos, como remover centenas de barras de combustível usadas de um dos edifícios danificados. Mas não conseguia localizar as barras de combustível que tinham derretido nos três reactores danificados.

Têm sido desenvolvidos robôs que conseguem nadar debaixo de água e contornar obstáculos no interior de túneis e de tubagens danificados, para procurar as barras derretidas de combustível nuclear. Mas assim que os robôs se aproximam dos reactores, a radiação destrói as suas ligações e torna-os inúteis.

Em Dezembro, o Governo do Japão quase duplicou as estimativas de custos ligados ao desastre nuclear de Fukushima – para 175.000 milhões de euros –, aumentando a pressão sobre a Tepco para intensificar as reformas e melhorar o seu desempenho. Mas os planos para remover o combustível gasto no edifício do reactor 3, segundo o jornal japonês Nikkei Business Daily, foram adiados outra vez.

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