PS de Benavente quer primárias para escolha do candidato

Líder concelhio acusa presidente da distrital de, na sua ausência, ter nomeado uma comissão administrativa para preparar o processo autárquico no concelho

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Este é o terceiro caso de divisões públicas por causa das autárquicas que o PS enfrenta esta semana Nuno Ferreira Santos

O presidente da concelhia do PS de Benavente (Santarém), Pedro Simões Pereira, avisa a direcção nacional do partido que não vai permitir que a escolha do candidato à câmara seja feita pela comissão administrativa que o líder da distrital, António Gameiro, nomeou. E propõe eleições primárias para a escolha do candidato autárquico.

“Em Novembro, por razões de saúde, suspendi o mandato como presidente da concelhia e, durante a minha ausência, o líder da distrital nomeou uma comissão administrativa para proceder à preparação do processo eleitoral autárquico em Benavente, em vez de contactar os órgãos legitimamente eleitos”, afirmou o dirigente ao PÚBLICO. “Eu não me demiti, apenas suspendi o mandato por razões de saúde e, na altura, informei, por e-mail, a secretária-geral-adjunta [Ana Catarina Mendes] e a coordenadora autárquica nacional [Maria da Luz Rosinha] do que se estava a passar”, afirmou Pedro Pereira, considerando “inaceitável” que a distrital não tenha contactado os órgãos que o partido em funções.

António Gameiro, um segurista, tem uma outra leitura da situação. Diz que a comissão não foi nomeada por si, mas que resultou de “uma iniciativa dos militantes que se começaram a organizar. Quem começou a chamar-lhe comissão foi o próprio líder da concelhia”. “Está tudo normal, com o regresso do presidente, a concelhia tem de tratar da escolha do candidato para depois a distrital se pronunciar”, afirmou António Gameiro, revelando que “há três ou quatro pessoas que querem ser candidatas”.

Negando que o candidato esteja escolhido – “reunimos o secretariado distrital em Dezembro e não deliberámos nada em relação a Benavente” -, António Gameiro sublinha que a “concelhia recebeu um mandato por escrito da distrital para tratar do processo autárquico”.

Ao PÚBLICO Pedro Pereira garante que, “em 2013, o candidato a Benavente foi escolhido por uma comissão administrativa - uma prática que a distrital que repetir nestas eleições”. Daí que no e-mail enviado a Ana Catarina Mendes e Maria da Luz Rosinha, aborde a questão das eleições primárias para a escolha do candidato “em nome da transparência” e também para “evitar os erros do passado se repitam”. Sublinha que no passado a escolha do candidato foi feita “por uma ou duas pessoas num acto autoritário de poder. Sugiro que se alargue a decisão a todos os militantes, simpatizante e à população em geral”.

O dirigente aproveita para lamentar o “desprezo” a que, no seu entender, a direcção nacional tem votado o PS de Benavente. “O que posso dizer com sinceridade e transparência é que as estruturas nacionais do PS pura e simplesmente têm ignorado ao longo de anos a existência do partido no concelho e não quero acreditar que, em nome da 'geringonça' do Governo, se ignore a possibilidade de se ter uma boa candidatura à Câmara de Benavente”, declara.

Para vencer o “desprezo” das estruturas nacionais do PS, Pedro Pereira dá conta do “esforço” que foi obrigado a fazer ao longo dos últimos cinco anos para resolver os problemas do partido, desde de pagar as facturas da luz, da água e outras despesas que teve de custear”. “São cinco anos de vida dedicados a uma luta inglória”, queixa-se.

Este é o terceiro caso de divisões públicas por causa das autárquicas que o PS enfrenta esta semana. Os outros dois foram Barcelos e Vila do Bispo.

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