Autárquicas: Concelhia do PS de Vila do Bispo demite-se em bloco

Os socialistas ficam sem maioria na câmara municipal e deixam de ter representantes nas juntas de freguesia

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António Eusébio, preside à federação do PS do Algarve vasco celio (colaborador)

A concelhia do PS de Vila do Bispo (Algarve) demitiu-se em bloco este domingo e “muitos militantes locais” desfiliaram-se do partido em protesto pela direcção nacional ter indicado o actual presidente da câmara, Adelino Soares, como candidato nas eleições autárquicas deste ano.

Com esta decisão, “fica um vazio do PS em todas as instituições públicas municipais, deixando de ter representantes nas juntas de freguesia de Budens e Vila do Bispo e Raposeira, perdendo a maioria na câmara municipal e ficando praticamente sem membros na assembleia municipal”, afirma a concelhia em comunicado.

A decisão de indicar o actual presidente foi comunicada à concelhia de Vila do Bispo pelo partido na passada quarta-feira, dois dias depois da Comissão Política Nacional (CPN) ter avocado os processos autárquicos de Barcelos e de Fafe, cujos presidentes, Miguel Costa Gomes e Raul Cunha, serão de novo candidatos contra a vontade dos líderes concelhios.

Domingos Pereira, deputado e presidente da concelhia de Barcelos, demitiu-se esta terça-feira dos vários cargos que ocupava no partido por discordar da decisão da CPN, a quem acusa de “desrespeitar deliberações aprovadas por órgãos legitimamente eleitos”. Apesar de Miguel Costa Gomes ter manifestado vontade em se recandidatar, a concelhia aprovou o nome de Domingos Pereira par ser o rosto do partido nas eleições autárquicas em Barcelos.

Em Vila do Bispo, o clima era também de grande tensão. O presidente da câmara e a concelhia encontravam-se de relações cortadas praticamente desde o início do mandato e Adelino Soares viu o partido retirar-lhe a confiança política há mais de dois anos.

Ao PÚBLICO, o deputado e presidente da distrital do PS-Algarve, António Eusébio confirma as “divergências nem sempre políticas” entre as duas partes e revela que o partido tentou “junto da estrutura local encontrar um entendimento com vista à constituição das listas para os órgãos autárquicas”, mas que esse esforço não foi bem-sucedido.

A concelhia ainda chegou a indicar um nome para liderar a lista à autarquia, mas o processo não avançou. Com a demissão da estrutura concelhia, cabe agora à distrital indicar o nome de Adelino Soares como candidato.

Salvaguardando, embora, que o PS ainda não foi oficialmente informado da demissão em bloco da concelhia, António Eusébio admite que este era desfecho esperado pelo partido tendo em conta o clima de tensões entre as duas partes.

Em comunicado, a concelhia local afirma que “os socialistas em Vila do Bispo não se revêem nas práticas centralistas desta direcção nacional do partido que escolhe os candidatos com base na antiguidade e não na competência”.

“Perante tamanha falta de respeito pelos militantes de base, violação dos estatutos e falta de critério na escolha de candilados, não restava outra opção que não fosse a demissão de todos os seus membros da comissão política, ao mesmo tempo que pediam a desfiliação do partido”. O comunicado refere que “a maioria dos militantes acompanharam os membros da comissão politica e pediram também a desfiliação do PS”.

 

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