Reforço das tropas da NATO na Polónia é "resposta proporcionada" à ameaça russa

EUA reforçam com 3000 homens e centenas de blindados e veículos militares defesa da fronteira Leste. Cerimónia em Wroclaw marca início de nova fase de defesa.

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A primeira-ministra polaca, Beata Szydlo, participou na cerimónia Kacper Pempel/Reuters

Três mil tropas e centenas de veículos militares desfilaram este sábado na cidade polaca de Wroclaw, numa manifestação de força que marcou a cerimónia oficial da chegada de um novo contingente americano à fronteira Leste da NATO - uma decisão do Presidente Barack Obama para mostrar que a Aliança está atenta a uma possível agressão por parte da Rússia.

Trata-se da maior reforço militar na Europa em décadas e surge a dias da tomada de posse de Donald Trump, que tem dado sinais ambíguos sobre o seu compromisso com a Aliança Atlântica e sobre a importância estratégica desta.

Fontes oficiais citadas pela Euronews disseram que esta movimentação de tropas e equipamento vai reforçar as capacidades de dissuasão na região e dar aos EUA mais meios de resposta, caso surja uma crise.

A NATO fez saber que a Rússia também tem realizado movimentações de tropas, no seu lado da fronteira com os países da NATO, tendo recentemente deslocado para a região mísseis com capacidade de transportar ogivas nucleares. Numa entrevista à estação de televisão ABC, a vice-secretária-geral da NATO, a americana Rose Gottemoeller, disse que se tratava de uma resposta "proporcionada e adequada" à ameaça.

Este contingente não vai permanecer apenas na Polónia. Deverá ser espalhado por vários países, entre eles a Bulgária e a Estónia, sendo que em Wroclaw, onde existe uma base militar estratégica da NATO, funcionará o comando desta operação. Foi  aqui que decorreu a cerimónia a que assistiram algumas centenas de polacos que, debaixo de neve, aplaudiram as tropas americanas.

Este reforço da defesa junto à fronteira ocidental da Rússia faz parte da Operation Atlantic Resolve (Operação Determinação Atlântica), lançada depois de a Rússia ter anexado a Crimeia - o que logo fez crescer nos países bálticos o medo de Moscovo poder fazer algo semelhante nesta região.

No ano passado, a Lituânia, a Letónia e a Estónia decidiram triplicar o gasto anual em defesa até 2018 (para 465 milhões de euros) devido ao medo de uma agressão russa, dizia o relatório de Outubro do ano passado da IHS Markit , uma empresa britânica de consultadoria em áreas estratégicas como a defesa e a segurança. Até 2020, segundo o documento, os orçamentos combinados em defesa dos três Estados bálticos chegará aos 1400 milhões de euros, mais do dobro do que era gasto quando entraram na NATO, em 2004.

"Nos últimos dois anos e meio, temos visto muitas políticas de confronto por parte da Rússia concretizarem-se em acções miltares e não vemos sinais de que essa atitude vá acabar em breve", disse, em Outubro, o principal analista da empresa, Alex Kokcharov, à Reuters.

Esta concentração de tropas e armamento na Polónia levou o Kremlin (a sede do Governo russo) a considerar que a operação representa uma ameaça à segurança da Rússia. Numa conferência de imprensa, no final da semana passada, o porta-voz do Governo russo, Dmitri Peskov, disse que Moscovo olha para esta operação - assim como as manobras militares que se vão realizar nos Estados bálticos -como um acto agressivo junto da sua fronteira.

 

 

 

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