Novo Banco: Centeno exclui extinção, admite nacionalização, mas o foco é venda

Mário Centeno garante que a prioridade é a venda do Novo Banco e que vai trabalhar nesse sentido.

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Para Centeno, a venda do Novo Banco permitirá a sua reintrodução na esfera financeira portuguesa. Reuters/RAFAEL MARCHANTE

O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse numa entrevista à Reuters que a extinção do Novo Banco “está fora de causa”, mas admite uma nacionalização, embora sublinhe que “o foco é claramente o processo de venda”. Numa entrevista dada à Reuters na segunda-feira, Mário Centeno falou sobre as suas expectativas e cenários para o Novo Banco. Para o ministro das Finanças o foco “é claramente o processo de venda".

"A minha expectativa sobre a venda mantém-se, essa é a vontade em termos de reintrodução do Novo Banco na esfera financeira em Portugal", disse Mário Centeno, à Reuters. O governante diz que vai “trabalhar nesse sentido”, sustentando que não se podem correr riscos com a estabilidade financeira, dada a importância que o sector financeiro tem numa economia moderna como a portuguesa.

"Não podemos ficar reféns de soluções e vamos explorá-las todas as que tivermos à nossa mão, sendo que neste momento o foco é claramente o processo de venda", reforçou. Questionado pela Reuters sobre a possibilidade de não se alcançar uma venda, Mário Centeno respondeu com um “‘ranking’ de prioridades face ao Novo Banco”, que considerou “muito claro”.

“Temos de zelar pela estabilidade do sistema financeiro, é um banco que tem vindo a crescer em termos de depósitos, que tem um papel sustentado e sustentável de apoio ao tecido empresarial tal como o Novo Banco mantém hoje e ao longo de todos estes meses", afirmou.

A segunda prioridade, acrescentou àquela agência de notícias, é que esta estabilidade “seja conseguida com o processo de venda do banco, que não coloque ónus nas contas públicas ao tratar-se de um investidor privado". Neste sentido, afirmou ainda que “nenhuma porta pode ficar fechada” porque “para conseguir combinar critérios ou objectivos, que às vezes parecem contraditórios”, é preciso “alargar o conjunto de possibilidades de actuação".

"Portanto, claramente, admitir que perante um cenário que não se consubstancie numa venda, possa haver outras alternativas que permitam atingir o primeiro dos critérios que é a estabilidade do sector financeiro", disse à Reuters. O ministro das Finanças disse que qualquer solução nesse campo “tem de ser trabalhada com as autoridades europeias, quer de supervisão quer de concorrência, e nacionais também”.

Na semana passada, o Banco de Portugal anunciou que a Lone Star é a entidade mais bem colocada para comprar o Novo Banco, convidando-a para um "aprofundamento das negociações", manifestando em seguida o Ministério das Finanças esperança de que o processo seja concluído com celeridade.

“Há, neste momento, uma fase de negociação preferencial com um dos investidores potenciais", disse, adiantando: "A situação de venda do Novo Banco evoluiu bastante ao longo dos últimos meses, mas, dada a relevância que mantém para o sistema financeiro português, todas as cautelas são poucas", constatou.

Entre os concorrentes estão os fundos chinês China Minsheng e os norte-americanos Lone Star e Apollo/Centerbridge. Mário Centeno salvaguardou ainda que daquilo que o Banco de Portugal revelou sobre as propostas, é preciso trabalhá-las. “Essas propostas, do nosso ponto de vista, não podem incluir ajudas de Estado a investidores privados", reforçou. Segundo o Jornal de Negócios, a proposta do Lone Star consiste numa oferta de 750 milhões pelo Novo Banco e admite uma injecção de mais 750 milhões.

O Lone Star é um fundo private equity, que investe capital em empresas nas quais considera que existe espaço para valorização, e em Portugal tem aplicações em Vilamoura, para apostar no golfe e na marina, e vários centros comerciais da marca Dolce Vita, alguns dos quais alienados, entretanto, ao Deutsche Bank.

O Novo Banco foi criado no início de Agosto de 2014, na sequência da resolução do Banco Espírito Santo (BES), e é um banco de transição detido integralmente pelo Fundo de Resolução bancário. Em Dezembro de 2015 foram prolongadas as garantias estatais ao Novo Banco e a data limite para a sua venda foi estendida, por acordo com a Comissão Europeia, até Agosto de 2017.

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