Morreu Om Puri, o grande actor indiano que vimos em Gandhi ou A Jóia da Coroa

Considerado um dos maiores actores indianos pela sua versatilidade, foi também rosto reconhecido no Ocidente. Foi vitimado por um ataque cardíaco em sua casa. Tinha 66 anos.

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Om Puri é um dos grandes nomes do cinema indiano e um dos primeiros actores do país a conseguir igualmente uma carreira de sucesso no Ocidente Mark Blinch / Reuters

Era considerado um dos grandes nomes do cinema indiano, pela sua voz inconfundível de barítono e pela versatilidade, o que lhe permitiu fazer nome tanto no cinema de autor focado nas questões sociais do país, quanto em comédia, televisão e nos blockbusters de Bollywood. Foi também um dos primeiros actores indianos a conseguir reunir ao sucesso no cinema do seu país uma carreira respeitada no Ocidente, com presença regular no pequeno e grande ecrã. Por cá, recordamo-lo, por exemplo, da série televisiva A Jóia da Coroa, pela presença no elenco de Gandhi, o filme de 1982 de Richard Attenborough, ou em O Meu Filho Fanático (1997), de Hanif Kureishi. Om Puri morreu na manhã desta sexta-feira, aos 66 anos, vítima de ataque cardíaco, na sua casa em Mumbai.

Nascido a 18 de Outubro de 1950 em Ambala, começou a trabalhar muito cedo, aos 7 anos, a vender comida em bancas de rua ou carregando carvão para os serviços ferroviários, forma de apoiar o diminuto orçamento familiar. Tal não foi obstáculo, porém, para a frequência do Instituto de Cinema e Televisão da Índia e, mais tarde, da Escola Nacional de Teatro. A sua primeira interpretação no cinema surge em 1976, na sátira política Ghashiram Kotwal, início de um percurso que seria muito elogiado e recordado na Índia pela forma como dava corpo e voz às preocupações de uma geração dedicada a criar obras de forte cariz social, em paralelo às criações mais anódinas de Bollywood. “Ele mostrou que não era preciso ser ‘justo’ ou ‘bem-parecido’ para ser protagonista. Estava tudo no poder da sua personalidade e interpretação”, disse à Reuters Saeed Akhtar Mirza, realizador que o dirigiu em Alberto Pinto Ko Gussa Kyon Aata Hai (“Porque se irrita Alberto Pinto?”).

O seu trabalho em filmes como os supracitados Gandhi ou O Meu Filho Fanático, em que encarna um taxista indiano em Bradford e os seus conflitos com o filho nascido em Inglaterra (regressaria ao tema na comédia de 1999 Tradição é Tradição, de Damien O’Donnel), a par de A Cidade da Alegria (1992), de Roland Joffé, em que contracena com Patrick Swayze e Pauline Collins, valeram-lhe ser agraciado em 2004 com a Ordem do Império Britânico.

O seu último filme estreado entre nós foi A Viagem dos Cem Passos (2014), de Lasse Hallström, com Helen Mirren como protagonista.

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