Governo britânico acusado de não querer admitir complexidade do "Brexit"

Sindicato dos funcionários dos departamentos de Governo acusa Theresa May de esconder dificuldades do processo por razões políticas e defende contratação de mais técnicos

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O sindicato avisa que May terá de reforçar os quadros de pessoal se quiser cumprir a promessa de iniciar as negociações até ao final de Março Toby Melville/Reuters

Os ministérios e departamentos do Governo britânico não estão preparados nem dispõem dos recursos necessários para lidar com a complexidade do processo de saída da União europeia, alertou o líder do sindicato que representa 19 mil funcionários destes serviços governamentais, Dave Penman.

Segundo o sindicalista, a primeira-ministra, Theresa May, está deliberadamente a desvalorizar os problemas e dificuldades que os serviços enfrentam, por qestões tácticas. “Todo o debate em torno do ‘Brexit’ está inquinado pela política, que é a razão pela qual May repete que está tudo sob controlo. E os ministros não têm a coragem política de admitir que este será um processo complexo e demorado. Quando alguém ousa dizer alguma coisa, é logo silenciado e acusado de estar a trair a vontade popular”, acusou.

A líder conservadora, que ascendeu ao cargo de primeira-ministra após o referendo de Junho, prometeu invocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa que porá em marcha o processo de separação do Reino Unido da União Europeia até ao final de Março. Mas de acordo com Dave Penman, para cumprir essa promessa May terá de dotar os serviços de mais recursos. “Ou os departamentos são significativamente reforçados para poderem responder ao 'Brexit' e cumprir as suas tarefas habituais, ou então vai ser preciso mudar as prioridades”, afirmou. “Mas o Governo não quer admitir que vai ser preciso todo este trabalho, porque isso não é bom politicamente. Ao mesmo tempo, não quer tomar decisões difíceis em termos de prioridades. Mas vai ter de fazer uma coisa ou outra.”

Na estrutura de Governo, apenas os ministérios dos Negócios Estrangeiros e do Comércio Internacional – assim como o novo ministério criado especificamente para gerir a parte britânica do processo — tiveram direito a um reforço de pessoal, garantiu Penman.

 

 

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