Costa está a aproveitar-se do sucesso das políticas do Governo anterior, diz CDS
Centristas consideram que a mensagem de Natal do primeiro-ministro “desmonta a narrativa de que o Governo anterior desmantelou o Estado social” e desafiam PS a aprovar as suas propostas na educação.
Terá sido com um sorriso no canto dos lábios que o CDS ouviu o primeiro-ministro mencionar, na mensagem de Natal, os sucessos nas áreas da educação, do emprego e do combate à pobreza. Porque, dizem os centristas, os dados “imparciais de entidades internacionais” mostram que houve “políticas positivas” do anterior Governo e “desmontam a narrativa de que aquele desmantelou o Estado social”.
Falando aos jornalistas à porta do Parlamento, o deputado Adolfo Mesquita Nunes disse ser “irónico e revelador” que António Costa tenha escolhido precisamente estas áreas e que os resultados enaltecidos “demonstram que herdou uma situação melhor do que aquela que diz”. No caso da Educação, os resultados do Pisa; no caso do combate à pobreza, trata-se do índice de redução da desigualdade entre 2014 e 2015, divulgado pelo INE; e no emprego são os dados da OCDE. Todos eles, vinca o deputado do CDS, “demonstram o acerto e o sucesso das políticas seguidas pelo anterior Governo”.
“Era importante, se ele quiser continuar a contar com sucessos nestas áreas, que o Governo não se pusesse a revogar tudo o que mexe nem a reverter tudo aquilo que possa, de alguma maneira, ser associado ao anterior Governo. Porque mais importante do que reverter tudo o que o anterior fez é averiguar tudo o que está a resultar, aquilo que deu sucesso, e manter essas reformas”, defendeu o deputado.
Adolfo Mesquita Nunes afirmou ainda que o CDS vai aproveitar a “roupagem da mensagem de Natal do primeiro-ministro” para reapresentar propostas que a maioria de esquerda chumbou na área da Educação e da Segurança Social e desafiou o PS e o Governo a aceitá-las. No primeiro caso trata-se da proposta de estabilização dos manuais escolares, programas e sistema de avaliação por um prazo de seis anos, assim como o alargamento do pré-escolar; na Segurança Social é a possibilidade de cada contribuinte conhecer o montante da reforma a que terá direito no futuro.
Questionado pelo PÚBLICO sobre se António Costa está a apropriar-se de louros alheios, Adolfo Mesquita Nunes preferiu usar termos mais diplomáticos. “Quando chegamos a louvar uma redução de défice de 0,5% esquecendo que o Governo anterior herdou 10% de défice e deixou com 3%, diria que estamos pelo menos a esquecer ou a empalidecer o trabalho que foi feito pelos governos anteriores.”
O deputado defendeu que “seria positivo que cada Governo, com as suas diferenças ideológicas” pelo menos “preservasse aquilo que de bom foi feito pelos anteriores e não criticasse só por criticar”. Questionado pelo PÚBLICO sobre se apresentou ao PSD, quando governavam coligados, a proposta sobre a transparência das reformas, Adolfo Mesquita Nunes disse que “foram feitas alterações aos portais da Segurança Social para dar mais informação”, mas defendeu que é do PS que é preciso falara e analisar, uma vez que já tem um ano de governação.