Há um batalhão russo a patrulhar Alepo

Entre 300 e 400 polícias militares são a base "para um serviço de política na cidade libertada”, diz Moscovo.

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Bandeiras russas e sírias nas mãos de sírios que celebraram a queda de Alepo George Ourfalian/AFP

Não é novidade que as Forças Armadas russas estão presentes na Síria. Conhecem-se as bases usadas pela aviação de Moscovo – e o papel que desempenhou nos bombardeamentos do último mês contra o que sobrava do Leste de Alepo controlado pela oposição armada a Bashar al-Assad. Agora, que o regime diz ter o controlo da cidade na totalidade, a Rússia anunciou ter colocado ali 300 a 400 militares seus para garantir a segurança na cidade mais importante do Norte sírio.

“Trata-se de lançar as bases para um serviço de polícia na cidade libertada”, afirma o vice-presidente do Comité para a Defesa e Segurança da Federação (que integra a câmara alta do Parlamento), Franz Klintsevitch, citado na agência de notícias Interfax.

Rússia e Irão, os aliados de Assad, não se têm poupado a comentar a queda de Alepo. Agora falou o chefe do Hezbollah libanês (partido e milícia árabe xiita, apoiado por Teerão), a assegurar que “o regime controla Damasco e Alepo, as duas grandes cidades da Síria, assim como Homs, Hama, Latakia, Tartus [onde os russo têm a única base naval do Médio Oriente e fora do antigo espaço soviético] e Sueida”, afirmou Hassan Nasrallah. “O regime está presente, é forte, activo, e ninguém no mundo o pode ignorar”, acrescentou.

Moscovo já ajudava Assad antes, mas em Setembro de 2015 envolveu-se de forma mais activa no conflito, com uma intensa campanha área de “combate ao terrorismo”, onde se incluem grupos de rebeldes formados por desertores e civis sírios quando o Presidente ordenou a repressão dos protestos populares, em 2011 (diz ter "liquidado 35 mil combatentes" até esta semana). Com o passar do tempo, tanto o Irão como o Hezbollah e a Rússia foram deixando de negar a sua presença na Síria, mas esta será a primeira vez que o Governo de Putin assume ter mobilizado polícias militares ou tropas para o terreno.

“Agora, somos mais fortes do que qualquer potencial agressor”, disse Putin na quinta-feira, numa reunião no Ministério da Defesa, em Moscovo. Um dia depois telefonou a Assad “para o congratular pela libertação de Alepo”, escreve a agência síria Sana. “As duas partes discutiram durante o telefonema o próximo processo político na Síria, com o Presidente Assad a agradecer ao Presidente Putin e à Rússia enquanto aliado chave que contribuiu ao lado de outros para libertar Alepo”.

Dezenas de milhares de pessoas foram retiradas dos últimos enclaves rebeldes entre dia 15 de Dezembro e esta quinta-feira, numa operação negociada por russos, iranianos e turcos e posta em prática pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha. Isto depois de um mês de bombardeamentos que mataram 21,500 civis segundo o Observatório da Síria para os Direitos Humanos, ONG ligada à oposição.

A Save the Children deu conta de crianças que perderam membros depois das horas que passaram expostas a temperaturas negativas à espera para serem retiradas. Na sua conferência de imprensa anual, Putin descreveu o processo de evacuação como “a maior missão humanitária internacional da actualidade”.

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