A bióloga Ana Colaço vai levar-nos até ao mar profundo dos Açores

Conferência de Natal da Ciência Viva é esta quarta-feira no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

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Chaminé de fonte hidrotermal do campo Rainbow DR

É bióloga do mar profundo desde 1993 e é essa experiência que Ana Colaço vai partilhar com toda a gente na Conferência de Natal da Ciência Viva deste ano, às 19h desta quarta-feira no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa (a entrada é livre com inscrição prévia em www.cienciaviva.pt).

“Quando começamos a descer num submersível, a água é transparente, muito azul. De repente, deixa de haver luz e é tudo muito escuro. Quando chegamos ao fundo e acendemos as luzes é como uma paisagem lunar, não parece o nosso planeta! É uma sensação mágica...”, dizia a bióloga no livro Mulheres na Ciência, editado pela agência Ciência Viva em 2016. “Ter um trabalho que me dá o privilégio de olhar estas paisagens únicas… É fascinante!”

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A bióloga Ana Colaço fotografada para o livro Mulheres na Ciência Clara Azevedo

Doutorada em ecologia e biossistemática pela Universidade de Lisboa, Ana Colaço é investigadora no MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e da Universidade dos Açores e faz parte do grupo de trabalho dedicado à ecologia do mar profundo do International Council for the Exploration of the Sea (ICES), uma rede global de cientistas que investiga os oceanos.

Desde 1993 já participou em mais de 20 missões oceanográficas – e nelas mergulhou em submersíveis e trabalhou com vários robôs submarinos. No seu mergulho mais profundo, recorda um comunicado da agência Ciência Viva, desceu a 2300 metros, no campo de fontes hidrotermais Rainbow. Estas fontes foram descobertas no mar dos Açores em 1997, num mergulho do famoso submersível Nautile, do Instituto Francês de Investigação e Exploração do Mar (Ifremer), em que participaram cientistas franceses, portugueses e britânicos.

As fontes hidrotermais é a  principal área de investigação da bióloga. À volta destas emanações de água quente vinda do interior da Terra, que trazem também minerais que se vão acumulando e formando chaminés, vivem formas de vida que não dependem da luz solar. Estas formas de vida estão na base da cadeia alimentar nos ecossistemas das fontes hidrotermais profundas, descobertas pela primeira vez no fundo dos oceanos no final da década de 1970. Nestes oásis, há formas de vida adaptadas a condições extremas, o que fascina biólogos, e não só.

No Rainbow, as fontes libertam fluidos do interior da Terra a mais de 350 graus Celsius, e que vêm escuros, parecendo fumo negro. Ana Colaço levar-nos-á até lá.

 

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