Entre os jovens que trabalham enquanto estudantes há mais universitários

Três perguntas a Célio Oliveira, investigador do INE.

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Gonçalo Português

O estudo sobre os jovens no mercado de trabalho divulgado nesta-feira pelo INE mostra que a experiência profissional enquanto ainda se está a estudar, por exemplo, realizando um estágio curricular, pode ajudar ao nível salarial. Mas não é mensurável antecipar, de acordo com estes dados estatísticos, o impacto na evolução salarial. Célio Oliveira, técnico de estatística do INE, explica, por escrito, alguns detalhes do estudo.

Uma das conclusões do estudo é o facto de o salário médio dos jovens que durante os estudos tiveram experiência profissional ser, em média, mais elevado, ainda que haja outras dimensões relevantes. Que outras razões ajudam a explicar a diferença? É expectável que a discrepância se vá esbatendo ao longo da vida profissional ou poderá continuar a ter algum impacto?
As diferenças encontradas são sobretudo explicadas pela composição dos dois grupos (os que tiveram experiência profissional e os que não tiveram experiência profissional). No grupo dos que tiveram experiência há uma maior proporção de jovens com ensino superior e do grupo profissional ‘quadros superiores e especialistas’, categorias com rendimentos salariais médios mensais líquidos mais elevados. Quanto à segunda questão, o questionário e respectivo estudo não abordam expectativas futuras de evolução salarial.

Mesmo quando a experiência aconteceu numa área laboral diferente contribui para aumentar a probabilidade de um jovem encontrar um emprego depois de concluídos os estudos?
O inquérito apenas questiona os jovens sobre a existência ou não de experiência profissional enquanto completavam o nível de escolaridade mais elevado (seja através de estágio curricular ou fora desse âmbito). Não questiona os jovens sobre qual ou quais as áreas laborais em que essa experiência decorreu.

Entre os 290 mil jovens “nem-nem”, só perto de 20% concluíram o ensino superior. Com o crescimento do emprego, é expectável que este número também desça (ou seja, que o acesso ao mercado de trabalho aumente mais entre quem tem mais qualificações)?
As dimensões analisadas no questionário respeitam à experiência educativa e à trajectória profissional no passado até ao momento da entrevista, não permitindo fazer perspectivas sobre evoluções futuras.

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