Ministro deu os parabéns aos alunos e professores pelos resultados no PISA

Tiago Brandão Rodrigues teceu duras críticas ao sistema de retenção que coloca Portugal numa "montra em que não queremos estar". E apelou aos jovens para que pensem cientificamente.

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O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues Nuno Ferreira Santos
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O ministro em declarações depois de conhecidos os resultados do PISA Nuno Ferreira Santos
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O ministro Tiago Brandão Rodrigues reforçou a importância do pensamento científico Nuno Ferreira Santos
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O coordenador português do PISA, João Marôco, a dar informação ao ministro Nuno Ferreira Santos
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Hélder Sousa, presidente do Instituto de Avaliação Externa Nuno Ferreira Santos
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O secretário de Estado da Educação, João Costa Nuno Ferreira Santos
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O secretário de Estado e o ministro na apresentação do estudo Nuno Ferreira Santos

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, considerou nesta terça-feira que os resultados do PISA 2015 reflectem “um caminho de aprofundamento e de continuidade na qualidade da oferta do sistema educativo”. Na intervenção de abertura da sessão de apresentação pública dos resultados do megaestudo internacional promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Tiago Brandão Rodrigues endereçou “parabéns aos jovens, aos seus professores e encarregados de educação, aos directores e pessoal não docente”.

O PISA, que se realiza de três em três anos, avalia a literacia dos alunos de 15 anos em ciências, leitura e matemática. Na edição de 2015, cujos resultados foram conhecidos nesta terça-feira, Portugal registou um “marco histórico”, segundo a expressão do coordenador da participação nacional neste estudo, João Marôco. Pela primeira vez o desempenho dos alunos portugueses ficou acima da média da OCDE nos três níveis analisados.

Para tal contribuíram também, segundo o ministro, “grandes programas nacionais como o Plano Nacional de Leitura, a Rede de Bibliotecas Escolares, o Plano de Acção para a Matemática, o Programa Ciência Viva e os Territórios Educativos de Intervenção Prioritária”, que permitiram um reforço dos meios ao dispor das escolas em contextos mais desfavorecidos.

Remetendo para o relatório do PISA, Tiago Brandão Rodrigues referiu que neste se refere, “em várias passagens, que Portugal foi dos poucos países que melhoraram os resultados consistentemente, sem aumentar as desigualdades” – ou seja, precisou, “os melhores alunos sabem hoje mais do que em 2000, mas os alunos com maiores dificuldades também”. Uma das tendências assinaladas no PISA, no que respeita a Portugal, é a subida da percentagem dos alunos nos níveis de desempenho mais elevados, que tem vindo a acontecer ao longo das várias edições, em simultâneo com uma descida dos estudantes que se ficam pelos níveis mais básicos.

Retenção é um "sistema iníquo"

Mas nem tudo são boas notícias, como lembrou o governante, remetendo para este dado recorrente que a OCDE tem apresentado nos seus estudos: “Em Portugal, mais de 30% dos jovens com 15 anos já apresentam uma retenção no seu percurso escolar e ainda demasiados deles apresentam mais do que uma retenção.” “Estamos infelizmente numa montra em que não queremos estar: o dos três países da OCDE que apresentam maior taxa de retenção entre as mais de sete dezenas de países ou economias que este relatório analisa, quase triplicando a taxa média da OCDE, que ronda os 13%”, disse.

Tiago Brandão Rodrigues recordou, a propósito, que a retenção tem “custos anímicos, simbólicos e sociais brutais”, como também tem “custos financeiros igualmente enormes – à volta de 250 milhões de euros por ano”. E “tem um mísero retorno, pois nem responde ao insucesso nem ajuda ao sucesso”. “Um sistema orientado para a retenção, um sistema que a concebe como um castigo – com poucas hipóteses de redenção, aliás – será sempre um sistema iníquo”, denunciou.

Ainda para mais, como também lembrou, quando Portugal “está entre os países cujas retenções estão mais associadas ao contexto socioeconómico dos estudantes. O mesmo ocorre com os alunos imigrantes ou filhos de imigrantes”.

Não há verdades absolutas

Tiago Brandão Rodrigues mostrou-se ainda preocupado com o facto de o relatório do PISA dar conta de que “os nossos jovens têm hoje mais competências científicas do que no passado, mas pensam, em maior número, seguir carreiras científicas ou, inclusive, que a ciência venha a ser útil para o seu futuro pessoal e profissional”.

“[Há um] equívoco, uma noção errada de ciência que deve ser revista”, proclamou, assumindo que esta é também uma nota de “cariz mais pessoal”, uma vez que ele próprio é cientista. “Pensar cientificamente” não é apenas apanágio dos cientistas, mas sim uma competência fundamental para todos os cidadãos e profissionais no mundo actual”, referiu o ministro, que já antes tinha apontado o reforço do “ensino experimental” como um dos objectivos do seu mandato.

Pensar cientificamente é também “não aceitar nenhuma verdade como absoluta”, disse Tiago Brandão Rodrigues, que terminou a sua intervenção com uma citação do filósofo Karl Popper: “A ciência é o domínio em que as ideias morrem em vez dos homens.”

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