Os sinais dados pela economia portuguesa nas últimas semanas

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Portugal passou no último teste europeu Reuters/RAFAEL MARCHANTE

Pela positiva

Crescimento forte no terceiro trimestre – Surpreendendo todos os analistas, a economia portuguesa cresceu 0,8% no terceiro trimestre, uma aceleração face aos 0,3% do trimestre anterior e o melhor resultado em todos os países da zona euro. A variação homóloga do PIB foi de 1,6% e agora, mesmo com um crescimento nulo no quarto trimestre, é possível alcançar a meta de 1,2% apresentada recentemente pelo Governo. A aceleração da economia explica-se, de acordo com o INE, essencialmente com o contributo muito positivo da procura externa líquida (exportações menos importações). A manter-se a tendência estamos perante um regresso a uma retoma forte que foi interrompida a partir de meados de 2015.

Mercado de trabalho reforçado – Os dados do desemprego tanto no segundo como no terceiro trimestre mostram uma economia a criar postos de trabalho a um ritmo bastante elevado. A taxa de desemprego caiu de 12,4% no primeiro trimestre para 10,5% no terceiro. É o sinal mais claro de que as empresas estão a sentir-se mais preparadas para investir e aumentar a sua capacidade produtiva.

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Testes passados em Bruxelas – A Comissão identificou a existência de “riscos de incumprimento” na proposta de OE para 2017, mas não forçou o Governo a apresentar novas medidas, para além de ter aceite como boas as acções adoptadas em 2016 para corrigir o desequilíbrio orçamental. Esta passagem nos testes de Bruxelas significa que, pelo menos por agora, a pressão para aplicar mais medidas restritivas nas finanças públicas fica aliviada.

Pela negativa

Na linha da frente dos receios dos mercados – Desde que Donald Trump surpreendeu o mundo vencendo as eleições presidenciais nos Estados Unidos tem-se assistido a uma subida do nível das taxas de juro, uma tendência que afecta de forma particular os países que os investidores consideram ser mais frágeis. E aqui, Portugal continua a mostrar que está bastante exposto à ameaça de um choque negativo nos mercados. As taxas de juro da dívida portuguesa, mesmo nos dias a seguir ao anúncio de aceleração da economia e à aprovação do OE em Bruxelas, estiveram entre as que mais subiram na zona euro, aproximando-se dos 4% nos títulos a 10 anos.

Procura interna muito limitada – Os dados do crescimento económico do terceiro trimestre, apesar de apontarem para uma forte aceleração do PIB, confirmam a ideia de que a procura interna continua bastante limitada na sua capacidade de crescimento. Mesmo com as medidas de recuperação do rendimento disponível tomadas pelo Governo, o consumo e o investimento não conseguem regressar a taxas de variação significativas, parecendo estar limitados por factores como o excesso de endividamento das famílias e das empresas ou as ainda reduzidas expectativas de crescimento futuro. O que isto significa é que, para crescer, a economia continua fortemente dependente daquilo que acontece no exterior.

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Orçamento com receitas extraordinárias – O objectivo de redução para 1,6% do défice em 2017 é ambicioso, mas a forma como o Governo o planeia atingir gera dúvidas. Para além de contar com um crescimento económico que está dependente da conjuntura externa, o Governo está também a apostar em receitas que podem não se vir a repetir nos anos seguintes, como os 450 millhões de euros a obter com a recuperação da garantia dada ao BPP e os 450 milhões de dividendos do Banco de Portugal. 

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