O “rei” que acabou com duas dinastias

Donald Trump foi o "outsider" que tirou do caminho duas das mais poderosas famiías politicas americanas

Foto
Reuters/ANDREW KELLY

Bastaria recuar 18 meses para que à pergunta “quem vai ser o próximo presidente dos Estados Unidos?”  acabasse por ter invariavelmente um palpite dividido entre duas possibilidades: ora seria alguém da família Bush, ou seria alguém da família Clinton.

Jeb Bush, irmão de George W., e Hillary Clinton, então secretária de Estado do Governo norte-americano, eram potenciais candidatos. Ninguém ousaria pensar que os palpites estavam errados, e paulatinamente ia-se interiorizando que, afinal, não sendo uma monarquia, o poder nos EUA estava sempre a pender entre as duas famílias, como se de duas dinastias se tratasse. Isto ainda Michelle Obama não tinha emergido como a oradora brilhante e a galvanizadora de comícios – e a ainda primeira-dama continua a insistir que não tem qualquer pretensão política, portanto, pouco disposta a inaugurar uma terceira "dinastia".

Pois Donald Trump só precisou de ano e meio para arrumar com as pretensões das duas famílias que lhe apareceram pelo caminho. Primeiro começou com o afastamento de Jeb Bush, filho e irmão, respectivamente, dos 41.º e 43.º Presidente dos Estados Unidos da América. Se o ex-governador da Florida havia aparecido na corrida como um dos favoritos à nomeação republicana, a verdade é que caiu às mãos de Trump logo no arranque das primárias. Bastou a votação no terceiro estado, e já estava fora da corrida.

Como recorda um analista da Business Insider, a técnica de Donald Trump foi quase sempre a mesma: não só brindava os adversários com amplas críticas – que não eram de confiança –, ou reduzia-os a uma alcunha ou um insulto. Começou assim nas primárias republicanas – Jeb Bush foi o “low-energy” (baixa energia); o candidato seguinte, Marco Rubio, senador da Florida, ganhou o apelido de “Liddle”; Ted Cruz, senador do Texas, o “Lyin” – e continuou na campanha contra a sua principal oponente, Hillary Clinton, chamando-lhe “crooked” (vendida).

No seu estilo desbragado, Trump passou a campanha a dizer que era um outsider do sistema político, que não devia favores nenhuns às elites, que construiu o seu poderio económico a pulso, sem apoios políticos. E parece ter conseguido convencer a grande maioria dos eleitores.

Sugerir correcção
Comentar