Jerónimo (PCP) reafirma "socialismo" e "democracia avançada" rumo à "sociedade nova"

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Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral do PCP reiterou nesta segunda-feira a defesa do "socialismo" e da "democracia avançada" como partes do projecto "transformador e revolucionário" para uma "sociedade nova", livre do capitalismo, louvando o antigo regime soviético, antes da sua "cristalização".

Num repleto salão nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa, Jerónimo de Sousa apresentava o programa do PCP de comemorações do centenário da Revolução de Outubro (07 de Novembro no calendário ocidental), que vão decorrer ao longo de 2017, sob o lema: "socialismo, exigência da atualidade e do futuro". "O projecto de democracia avançada e a sua realização, sendo parte integrante da luta pelo socialismo, são igualmente indissociáveis da luta que hoje travamos pela defesa, reposição e conquista de direitos, pela ruptura com a política de direita e pela concretização de uma política patriótica e de esquerda, fazendo parte da luta pela democracia avançada, assim como a luta por esta é parte integrante da luta pelo socialismo, num processo que não separa, antes integra, de forma coerente, o conjunto de objectivos de luta", disse.

Referindo-se ao actual programa político comunista - "uma democracia avançada, os valores de Abril no futuro de Portugal" -, o líder do PCP sublinhou que o seu partido "não abdica de o ser, determinado, combativo, consciente do seu papel, firme no seu ideal e na afirmação do seu projeto transformador e revolucionário", tendo "sempre presente no horizonte da sua acção e intervenção a construção da sociedade nova - o socialismo, condição de futuro inseparável da plena libertação e realização humanas". "São muitos os problemas as dificuldades e os problemas a vencer, mas é no socialismo e não no capitalismo que os trabalhadores e os povos encontrarão resposta para as suas aspirações de liberdade, igualdade, justiça, progresso social e paz", vincou.

Segundo Jerónimo de Sousa, "a revolução socialista transformou a velha e atrasada Rússia dos czares num país altamente desenvolvido, capaz de conter, como conteve durante décadas, o objectivo de domínio mundial do imperialismo". "A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), num curto período de tempo histórico, alcançou um significativo desenvolvimento industrial e agrícola, erradicou o analfabetismo e generalizou a escolarização e o desporto, eliminou o desemprego, garantiu e promoveu os direitos das mulheres, das crianças, dos jovens e dos idosos, o desenvolvimento de múltiplas formas de expressão artística, conquistou um elevado nível científico e técnico", elogiou.

O secretário-geral comunista afirmou que a URSS foi "o primeiro país do mundo a pôr em prática ou a desenvolver, como nenhum outro, direitos sociais fundamentais, como o direito ao trabalho, a jornada máxima de oito horas de trabalho, as férias pagas, a igualdade de direitos de homens e mulheres na família, na vida e no trabalho, os direitos e protecção da maternidade, o direito à habitação, assistência médica gratuita, sistema de segurança social universal e gratuito e a educação gratuita".

Jerónimo de Sousa destacou ainda o "contributo determinante para a vitória sobre o nazi-fascismo na II Guerra Mundial".
Porém, reconheceu o "profundo revés" verificado "com as derrotas do socialismo na URSS e no leste da Europa", "resultantes de factores de ordem interna e externa e da cristalização de um 'modelo' que se afastou e entrou mesmo em contradição com as características fundamentais da sociedade socialista, onde pesa, entre outras causas da derrota, o enfraquecimento da natureza popular do poder político, um poder que crescentemente se afastou da opinião, controlo e intervenção dos trabalhadores e das massas populares".

"Partiremos para as comemorações, enfrentando os detractores da história e uma previsível e redobrada ofensiva ideológica anticomunista de desfiguramento da Revolução de Outubro, da subsequente experiência histórica de construção do socialismo e do papel dos comunistas na história contemporânea para tentar evitar que os trabalhadores e os povos tenham a compreensão e a consciência que existe alternativa ao capitalismo - esse sistema que expropria direitos sociais e civilizacionais e leva a guerra a várias partes do globo, sempre em nome de mais e mais lucro", continuou.

Para o líder do PCP, o regime capitalista está "mergulhado numa das suas mais profundas crises" e "nada mais tem a oferecer aos povos senão o agravamento da exploração, o desemprego, a precariedade, o aumento das injustiças e desigualdades sociais, o ataque a direitos sociais e laborais, a negação de liberdades e direitos democráticos, a usurpação e destruição de recursos, a ingerência e a agressão à soberania nacional, o militarismo e a guerra".

Há um século, após o derrube, em Março, do czar Nicolau II e instituição de um regime republicano, o Partido Bolchevique, liderado por Lenine, protagonizou a Revolução Vermelha, em Novembro de 1917, derrubando o governo provisório para impor o regime socialista soviético, que vigoraria até 1991.

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