Universidade do Porto recebe 1,9 milhões para Museu de História Natural e da Ciência

Espaço irá congregar o espólio de dois museus criados pela UP em 1996 e que funcionavam de forma "subaproveitada" no edifício da Reitoria

Foto
Colecção Egípcia do Museu de História Natural da UP Nelson Garrido

A Universidade do Porto viu aprovados 1,9 milhões de fundos comunitários para a criação de um novo Museu de História Natural e da Ciência que espera atrair 300 mil turistas por ano para a cidade e para a região. "O renascer de uma histórica infra-estrutura de promoção da cultura científica e tecnológica da Região Norte", descreve o projecto de candidatura a que a Lusa teve acesso e segundo o qual a universidade pretende ainda "assegurar a integração de um edifício histórico do Porto nos circuitos turísticos e culturais da cidade, criando-se um espaço impar de divulgação científica de referência internacional".

No projecto, aprovado em Junho segundo dados da plataforma Norte 2020, é defendido um "potencial de atrair um volume anual de 200 a 300 mil pessoas para a cidade e região", através da devolução à cidade de um espaço histórico que irá ganhar "uma nova narrativa".

O novo museu, inserido no pólo do edifício da Reitoria do Porto, corresponde à segunda fase de um processo de reabilitação iniciado com a intervenção da Casa Andresen/Galeria da Biodiversidade e irá incluir a reabilitação do Laboratório Ferreira da Silva, datado do início do século XX, a instalação de um elevador panorâmico, o desenvolvimento de vários módulos expositivos e um pátio dos dinossauros.

No ano em que se celebra o centenário da inauguração do antigo Museu de História Natural da Universidade do Porto, começará a ser criado um novo espaço "de divulgação científica de referência internacional, através do recurso a uma filosofia museográfica inovadora que prevê o cruzamento entre a ciência e a arte como formas de apreensão da natureza e da realidade".

Os 1,9 milhões de euros conseguidos com a candidatura a fundos comunitários serão canalizados para prioridades como a definição da nova marca Museus U. Porto, o desenvolvimento de um programa museográfico "moderno e arrojado", a produção de uma "selecção exemplar" de módulos expositivos, a recuperação do laboratório Ferreira da Silva, o desenvolvimento de uma nova plataforma digital de gestão e divulgação das colecções e a continuação da requalificação do Jardim Botânico do Porto.

A Universidade do Porto defende que "o projecto de criação do museu e o equipamento que surgirá no seu âmbito são perfeitamente inéditos, sendo o primeiro "que prevê e resulta do diálogo entre um museu e um Centro de Ciência Viva". "Um museu que se quer para as pessoas", refere o documento, segundo o qual o futuro MHNC-UP se quer assumir como "um museu de portas abertas à comunidade a todos os níveis".

Do ponto de vista expositivo, aquele que será o pólo I do museu, no edifício da Reitoria, terá, entre outros, um "percurso pedestre representativo da evolução da vida na Terra", num percurso de quatro mil milhões de anos que começa no exterior e que termina na entrada do Jardim Botânico do Porto. "Cada passo corresponde a dois milhões de anos. Ao longo deste trajecto, o visitante deparar-se-á com marcos evolutivos chave, tais como o aparecimento dos primeiros organismos multicelulares, que viveram na água, até à fauna actual, culminando na evolução humana", refere.

A criação de um museu único congregando espólios da História Natural e das Ciências é um sonho antigo da UP, que em 2015 anunciou que o acesso aos dois museus individuais, fundados em 1996, iria ficar condicionado até à intervenção prevista – fechando o primeiro e ficando com alguns espaços abertos o segundo. Na altura, em declarações ao PÚBLICO, fonte da UP explicava que os dois museus estavam instalados no edifício da Reitoria de forma “subaproveitada”. Os espólios de ambos incluem equipamentos científicos e didácticos dos primórdios da universidade, colecções de fósseis e de minerais.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários