Crise em Angola e no Brasil não trava aposta da Delta nos vinhos

Mercados internacionais consumem 40% da produção da Adega Mayor, do grupo Nabeiro. Vendas deverão crescer 30% este ano.

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Rita Nabeiro, administradora da Adega Mayor, tem planos para reforçar presença dos vinhos nos supermercados Rui Gaudêncio

A Adega Mayor, empresa agrícola do grupo Nabeiro, dono do café Delta, já vende 40% da sua produção de vinho nos mercados internacionais e, apesar da crise em Angola e no Brasil, mantém estratégias de negócios nestes dois mercados. A estreia no Brasil aconteceu há apenas cinco meses e depois de vários anos a tentar entrar naquele país, um dos principais destinos dos vinhos alentejanos. Em Angola, Rita Nabeiro, administradora da Adega Mayor diz que o problema não é a falta de procura, mas de divisas.

“Apesar do que se passa em Angola, se tivéssemos mais vinho, mais venderíamos”, diz, desdramatizando as dificuldades nas exportações para aquele que é o principal destino dos produtos nacionais fora da Europa. O grupo Nabeiro está em Angola desde a década de 1990 e criou, em 2000, a Angonabeiro, empresa que produz e vende as marcas de café Ginga e Delta e produtos da Adega Mayor.

No Brasil, a experiência ainda é curta mas também está apoiada na presença que a Delta já tem no mercado, nomeadamente, com a Delta Q no retalho e em cafetarias. “Estamos em vias de negociação com cadeias de distribuição”, adianta Rita Nabeiro, neta do fundador da Delta, Rui Nabeiro.

A Europa também é um dos destinos dos vinhos da Adega Mayor, que dos dez hectares de vinha que tinha em finais dos anos 1990 tem, agora, 100 hectares na região de Campo Maior. Rita Nabeiro identifica o Reino Unido, França, Luxemburgo, Suíça e Alemanha como os mercados europeus mais importantes e acrescenta à lista os países nórdicos, onde tem perspectivas de entrar. Estados Unidos e Canadá também são os próximos alvos. “São dois mercados em crescimento. É preciso estar no mercado onde estão os melhores críticos de vinho. E se não tivermos presença nestes países, não podemos enviar directamente produto para que o possam conhecer e analisar”, explica.

Portugal absorve a maior parte dos 900 mil litros de vinho produzidos pela Adega Mayor e a responsável pela empresa garante que a crise abrandou o ritmo de crescimento mas não fez cair as vendas. “A evolução das vendas foi gradual, embora mais lenta. O foco nestes anos foi trabalhar com os clientes. O turismo está a crescer e isso é muito importante para o vinho, devido ao consumo na restauração”, indica.

O ano deverá encerrar com cinco milhões de euros de facturação, mais 30% face a 2015 (até finais de Agosto). “Houve um ligeiro aumento de preços em mercados externos onde os vinhos topo de gama entravam em ruptura e fazia sentido ajustar valores”, detalha.

Para o próximo ano, a intenção é diversificar a gama disponível na grande distribuição, investindo na marca Monte Mayor. Actualmente, 80% do volume de negócios é feito na restauração e hotelaria e a distribuição é assegurada pelos 23 departamentos comerciais que o grupo Nabeiro tem em Portugal. Rita Nabeiro acredita que com o Monte Mayor conseguirá uma “boa relação entre qualidade e preço” nas prateleiras dos supermercados mas a ideia não é posicionar a marca entre os vinhos mais baratos. “No retalho, mais de 80% das vendas de vinho correspondem a garrafas abaixo dos três euros. Ou temos volume suficiente para conseguir ter esse preço ou é difícil obter rentabilidade”, afirma.

A produção de vinhos é uma das áreas agrícolas em que o Grupo Nabeiro tem vindo a apostar, depois das azeitonas e dos tremoços. 

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