Reunião do Banco de Inglaterra e dados de emprego nos Estados Unidos em destaque

A semana que hoje se inicia deverá ficar marcada pela reunião de política monetária do Banco de Inglaterra, e pela divulgação dos dados relativos ao desempenho do mercado de trabalho norte-americano em Julho.

Assim, na reunião da próxima quinta-feira, o Banco de Inglaterra poderá vir a anunciar uma redução da taxa de juro de referência de 0,50% para 0,25%. Nesse sentido apontaram as palavras do Governador da instituição, Mark Carney, dias depois de terem sido conhecidos os resultados do referendo britânico do passado dia 23 de Junho. Desde então, os indicadores entretanto conhecidos para a economia britânica têm sugerido uma quebra da actividade com algum significado. Os índices PMI referentes ao desempenho da indústria e dos serviços no mês de Julho sinalizaram uma contracção da actividade, tendo a descida do índice dos serviços sido a mais abrupta desde que o índice é apurado. Também os índices de confiança empresarial revelaram uma deterioração evidente, com uma clara diminuição das intenções de investimento decorrente da elevada incerteza de que se revestirá o longo período de negociações com a União Europeia. Neste contexto, e depois de ter optado por não alterar do nível da taxa de juro na reunião do mês de Julho, a autoridade monetária britânica poderá vir a anunciar uma redução da taxa de juro base para 0,25%, um novo mínimo para esta taxa. Esta medida juntar-se-ia ao alívio de exigências de capital à banca decidido logo após o referendo, e que visou libertar recursos para a concessão de crédito a empresas e famílias. Na Zona Euro, destaca-se apenas a evolução das novas encomendas dirigidas à indústria alemã no mês de Junho, na sexta-feira, depois de ter sido conhecida, na passada semana, a desaceleração dos Dezanove no segundo trimestre, de 0,6% para 0,3%.
 
Para a economia norte-americana destacam-se os índices ISM referentes ao mês de Julho (para a indústria esta segunda-feira e para os serviços na quarta) e, na sexta-feira, a informação relativa ao mercado de trabalho no mesmo mês. Após a forte recuperação da criação de emprego em Junho, para 285 mil novos postos de trabalho em termos líquidos, é possível que se tenha regressado a uma criação líquida de emprego mais próxima do patamar de 200 mil postos de trabalho, o que deverá proporcionar uma redução da taxa de desemprego em uma décima, para 4,8% da população activa. Importante também será a evolução das remunerações médias horárias, cujo crescimento homólogo poderá ter-se mantido em 2,6%. A confirmar-se, esta evolução ilustraria a continuação da melhoria gradual do mercado de trabalho norte-americano, tão relevante para a definição da política monetária da Reserva Federal que, na passada semana, reconheceu uma diminuição dos riscos negativos à actividade no curto prazo. Mesmo com esta referência, que sugere que se mantém em aberto a possibilidade de uma subida da taxa de juro fed funds até ao final do ano (do actual intervalo entre 0,25% e 0,50%), a probabilidade que os mercados atribuem a tal decisão em Dezembro continua a ser inferior a 50%. Os dados relativos ao crescimento da economia americana, na sexta-feira, ao revelarem uma expansão anualizada de apenas 1,2% no segundo trimestre, após 0,8% no trimestre anterior, ficaram consideravelmente aquém do esperado, contribuindo para uma redução das expectativas de que tal subida de juros até ao final do ano se venha a concretizar, e para uma depreciação do dólar, com a cotação EUR/USD a regressar de forma clara a níveis superiores a 1.11. Deve, no entanto, sublinhar-se o forte crescimento do consumo privado, de 4,2%, tendo, pelo contrário, a variação de existências tido um importante contributo negativo para o crescimento, efeito que poderá dissipar-se no trimestre seguinte.
 
Merece ainda referência a publicação, já esta segunda-feira, dos índices PMI respeitantes ao sector industrial na China, cuja estabilização deverá contribuir para reduzir adicionalmente os receios de um abrandamento significativo daquela economia.
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