Bombista de Bruxelas identificado como carcereiro do Estado Islâmico na Síria

Najim Laachraoui, que se explodiu no aeroporto da capital belga, foi um dos jihadistas que vigiou e interrogou quatro jornalistas franceses sequestrados na Síria.

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Najim Laachraoui foi identificado pelo jornalista Nicolás Hénin como um dos seus carcereiros na Síria AFP/Interpol

Quatro jornalistas franceses que foram sequestrados em 2013 na Síria pelo Estado Islâmico identificaram um dos bombistas suicidas envolvido nos atentados de Bruxelas, Najim Laachraoui, como um dos seus carcereiros.

O terrorista de 25 anos, que se fez explodir no aeroporto de Zaventem, a 22 de Março, matando 16 pessoas, foi identificado pelos jornalistas franceses, que o conheciam como Abou Idriss, como um dos combatentes do Estado Islâmico encarregado de os vigiar ao longo do seu cativeiro de dez meses na Síria.

“Posso confirmar que foi um dos carcereiros dos meus clientes”, informou à Reuters a advogada Marie-Laure Ingouf, que representa os jornalistas Didier François, Pierre Torrès, Edouard Elias e Nicolas Hénin. Os quatro reféns foram raptados em Junho de 2013 em Alepo e Raqqa, no Norte da Síria, e libertados junto da fronteira com a Turquia em Abril de 2014, depois da intervenção do Governo francês. Segundo informou, a identificação formal de Laachraoui foi feita por Hénin.

De acordo com informações publicadas pelo diário Le Parisien, citando uma fonte dos serviços secretos franceses, Laachraoui era um dos jihadistas que participava nas sessões de interrogatório dos quatro jornalistas raptados. Outro dos envolvidos era Mehdi Nemmouche, um cidadão francês que matou quatro pessoas no Museu Judaico de Bruxelas em Maio de 2014 – e que segundo escreve o jornal francês era “mais bruto” do que Laachraoui/Idriss.

No seu depoimento, os jornalistas terão descrito Laachraoui como “menos violento” do que os restantes carcereiros, e um homem “inteligente, composto, capaz de se adaptar rapidamente a novas situações”. Durante os dez meses de cativeiro, os repórteres gauleses foram mantidos em caves sem luz natural e passaram longos períodos algemados e amarrados uns aos outros.

Um dos suspeitos de conspiração para o ataque de Janeiro de 2015 contra o jornal satírico Charlie Hebdo, Salim Benghalem, já tinha sido apontado como fazendo parte do grupo de homens que vigiou os jornalistas franceses na Síria.

Najim Laachraoui, de nacionalidade belga, foi estudante de Engenharia mas acabou por abandonar a universidade. Os investigadores acreditam que, dada a sua formação, poderá ter estado envolvido no planeamento técnico e no fabrico das bombas utilizadas nos ataques de Bruxelas, e também nos atentados de Paris, a 13 de Novembro de 2015. Vestígios do seu ADN foram encontrados num dos coletes armadilhados usados pelos terroristas que irromperam pela sala de concertos Bataclan e também em explosivos recuperados pela polícia no estádio de França.

Os procuradores belgas encarregados da investigação confirmaram que Laachraoui viajou para a Síria em Fevereiro de 2013, para se juntar às fileiras do Estado Islâmico como combatente estrangeiro. Terá reentrado na Europa em Setembro de 2015, como mostram registos da sua passagem da fronteira da Hungria para a Áustria, viajando com um nome falso.

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