Ex-gestor de Isabel dos Santos assume liderança da Cabovisão

O antigo administrador da NOS e presidente da angolana Unitel, Miguel Veiga Martins, vai ser o novo presidente da Cabovisão e da Oni.

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Miguel Veiga Martins foi administrador da ZON, mas ficou pouco tempo na empresa depois da fusão com a Optimus PÚBLICO

Foi presidente da angolana Unitel e representou Isabel dos Santos no conselho de administração da NOS, onde tinha o pelouro da área tecnológica, e agora será o novo presidente da Cabovisão e da Oni. “No seguimento da aquisição da Cabovisão e ONI pela Apax France e Fortino Capital, o Conselho de Administração nomeou Miguel Veiga Martins como Chief Executive Officer (CEO) do Grupo”, anunciou esta quinta-feira a Apax França.

O gestor só assumirá às funções executivas no dia 9 de Maio, mas o PÚBLICO apurou que já está nas empresas que a Apax comprou à Altice, a dona da PT Portugal. O fundo francês sublinha que Miguel Veiga Martins traz ao grupo Cabovisão/ONI “um amplo e importante conhecimento” do mercado das telecomunicações, destacando o “seu vasto background tecnológico” e “capacidade de liderança”.

Miguel Veiga Martins foi vice-presidente do conselho de administração da NOS, com o pelouro da área tecnológica (foi Chief Technology Officer), funções que já tinha desempenhado na Vodafone Portugal e na Vodafone Internet Services.

Antes da NOS já tinha sido administrador na ZON e acompanhou o processo de fusão com a Optimus, mas não ficou muito tempo na nova empresa liderada por Miguel Almeida: renunciou ao cargo em Outubro de 2014.

Como administrador delegado e CEO da Unitel, a maior operadora móvel de Angola (controlada por Isabel dos Santos), com mais de 10 milhões de clientes, a Apax França diz que Miguel Veiga Martins “redefiniu integralmente a oferta” da empresa, simplificando as suas operações e processos.

Agora, vai liderar as duas empresas, com cerca de 500 colaboradores, que a Altice vendeu no início do ano à Apax França. A transacção, cujo valor nunca foi divulgado, foi anunciada em Setembro do ano passado, mas concretizada só em Janeiro. Segundo a Bloomberg, a Altice ambicionava garantir cerca de 300 milhões de dólares (quase 280 milhões de euros) com a alienação de activos imposta por Bruxelas para poder comprar a PT Portugal.

A Altice foi obrigada pela Comissão Europeia a vender os outros activos portugueses de cabo e comunicações empresariais para poder comprar a PT Portugal. Contudo, o negócio com a Apax França levantou dúvidas a alguns analistas. A Fidentiis foi uma das casas de investimento que manifestou perplexidade por um fundo de risco francês se mostrar interessado em investir num "negócio pequeno e em declínio", quando a expectativa era que a fosse a Vodafone a comprar os activos da Altice.

“Ninguém pode acreditar que esta seja uma transacção a sério”, dizia então uma nota de research da casa de investimento especializada no mercado português, espanhol e italiano.

Também o BBVA levantou a possibilidade de se tratar de uma operação feita para que a Altice ganhasse tempo para prosseguir negociações de venda sem falhar o prazo dado por Bruxelas. “O histórico de proximidade entre a Altice e a Apax [ambas partilharam o capital da Cabovisão em 2012] sugere que esta possa ser uma forma de ganhar tempo nas negociações com a Vodafone e cumprir o prazo de venda imposto por Bruxelas”, referia um research do banco espanhol.

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