Vídeo afasta tese de homicídio e mostra queda acidental de jovem

Videovigilância do estacionamento da Faculdade de Engenharia do Porto foi essencial para desvendar caso. Durante uma rixa, esta sexta-feira, uma amiga da vítima afastou o rapaz que caiu. Autópsia será realizada este sábado.

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A Polícia Judiciária esteve no local a recolher provas FERNANDO VELUDO/NFACTOS
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Rixa ocorreu junto ao parque de estacionamento da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto FERNANDO VELUDO/NFACTOS

A videovigilância do parque de estacionamento da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) foi essencial para a Polícia Judiciária (PJ) perceber como ocorreu a morte do estudante de 20 anos na madrugada desta sexta-feira, permitindo afastar a tese de homicídio do jovem. Segundo o PÚBLICO apurou, as imagens mostram que as agressões em que o rapaz esteve envolvido não demoraram mais do que uns segundos. Revelam igualmente uma amiga da vítima a tentar afastar o jovem da rixa. Nessa altura, o jovem caiu e terá batido com a cabeça no chão. Tudo terá acontecido minutos antes das 5h quando a vítima saía de uma festa universitária.

Só a autópsia, que se realiza este sábado, permitirá desvendar a causa da morte. Contudo, há várias possibilidade em aberto. O estudante, que frequentava o ano zero, no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP), poderá ter sofrido um traumatismo craniano fatal. No entanto, a PJ não afasta a hipótese de o jovem ter eventualmente sofrido um problema de saúde súbito, que poderá ter provocado a queda.

Face ao alarme provocado pelas primeiras informações referentes à morte do jovem, recolhidas pelas autoridades e que apontavam para um homicídio, o caso foi considerado prioritário.

A PJ começou logo de manhã a ouvir os amigos do rapaz, que tinham estado com ele na festa, uma noite temática de drum’n’ bass, que tinha decorrido num edifício da Associação de Estudantes da Faculdade de Engenharia. Estas festas académicas decorrem todas as quintas-feiras, organizadas por aquela associação, sem que as autoridades e a comunidade estudantil tenham memória de algum problema grave que as tenha marcado.

Quando saíam da festa, o jovem cruzou-se com outros universitários que também tinham estado na associação de estudantes. O consumo de álcool terá sido elevado para todos. Foi já na Rua Frei Vicente de Soledade Castro, a artéria principal localizada frente ao estabelecimento universitário, que a vítima deixou para trás alguns amigos, com quem saíra da festa, e se cruzou com esse grupo. Não se conheciam e não teriam, por isso, motivos para qualquer zanga. Mas trocaram palavras, desentenderam-se e as agressões precipitaram-se ainda que sem grande gravidade, ao contrário dos primeiros relatos.Os motivos que levaram à discussão são, para já, desconhecidos.

Um parte significativa dos envolvidos nesta rixa, cerca de 20 pessoas, foram inquiridas esta sexta-feira na Directoria Norte da PJ, no Porto. Nessa altura, de acordo com fonte policial, alguns dos jovens inquiridos ainda mostravam sinais de estarem alcoolizados.

Queixa da família?

Joel Rafael, natural de Baião, foi agredido e terá respondido às ofensas. Vários amigos da vítima também se terão envolvido nas agressões e sofrido ferimentos ligeiros. A vítima ainda foi assistida pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) no local e transportada para o Hospital de São João, que fica do outro lado da estrada, mas acabou por morrer na unidade de saúde.

A família da vítima poderá depois, se desejar, apresentar queixa às autoridades pelas agressões, isto é, pelo crime de ofensas à integridade física. Esse é um crime que não é público e, por isso, qualquer acção das autoridades depende de queixa. Os amigos e o grupo adversário poderão fazer o mesmo. De qualquer forma, a investigação desse crime não é da competência exclusiva da PJ.

O grupo adversário, que ainda não foi formalmente identificado pela polícia, tinha abandonado o local quando os primeiros agentes da PSP lá chegaram. Uma hora depois do sucedido, a PJ começou a recolher informação.

Durante a manhã de sexta-feira, inspectores da secção que investiga casos de homicídio na Directoria Norte da PJ e elementos do Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária estiveram no local a recolher indícios que podem ajudar a investigação. 

Ainda de manhã, reinava a consternação e a surpresa no ISCAP. Bárbara Gomes, aluna do último ano da licenciatura de Contabilidade e Gestão, disse só ter sabido do caso pelas 11h, quando um colega de turma viu uma notícia na Internet. “Os meus pais acabam de me ligar”, revelou ainda Diana Sousa, aluna do primeiro ano do curso de Gestão de Actividade Turísticas do ISCAP, admitindo a “surpresa” e o “choque”.

Também o Instituto Politécnico do Porto e o ISCAP garantiram esta sexta-feira que estão em “contacto directo, desde as primeiras horas da manhã com as autoridades policiais e académicas de modo a compreender as circunstâncias” em que o estudante morreu.

“O Politécnico do Porto e o ISCAP estão de luto”, sublinham as duas instituições num comunicado emitido esta sexta-feira. A Associação de Estudantes do ISCAP publicou igualmente um comunicado na sua página oficial no Facebook juntando-se ao luto e disponibilizando-se “para prestar todo o apoio” que for solicitado.     

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