O Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia suspendeu por prazo indeterminado o julgamento do ex-líder dos sérvios da Croácia, Goran Hadzic, de 57 anos, que no ano passado tinha sido colocado em liberdade provisória por ter um cancro no cérebro.

Esta decisão do tribunal significa que, se a saúde de Hadzic melhorar, o seu processo, aberto em Outubro de 2012, poderá ser retomado, explicou o seu advogado, Zoran Zivanovic.

Em Abril de 2015, Hadzic foi posto em liberdade provisoriamente pelo tribunal de Haia para receber tratamento na Sérvia. Desde então, vive na cidade de Novi Sad, a cerca de 70 km para norte de Belgrado.

Entre 1992 e 1993, foi “presidente” da autoproclamada República da Krajina, um território que cobria cerca de um terço da Croácia. Quando foi preso, em Julho de 2011, foi o último das 161 figuras procuradas pelo Tribunal para a Ex-Jugoslávia a ser capturado.

Hadzic esteve sete anos desaparecido: apagou-se dos radares no mesmo dia em que a acusação contra ele formulada por Haia foi enviada, a 13 de Julho de 2004, junto com o respectivo mandado de captura, para o Governo sérvio em Belgrado.

Até aí vivia abertamente na cidade de Novi Sad, e a sua fuga foi mantida em segredo durante vários dias, ao mesmo tempo que familiares garantiam que ainda se encontrava em casa e a polícia sérvia mantinha não ter recebido ordens para o deter. A sua captura e entrega pela Sérvia foi considerada pela União Europeia um passo importante para a normalização do país e para a abertura de negociações para uma futura adesão ao bloco europeu.

Enfrenta 14 acusações de crimes contra a humanidade e crimes de guerra, entre as quais a implicação no assassínio de centenas de civis croatas e na deportação de dezenas de milhares de croatas e outros cidadãos não sérvios, com o objectivo de criar um Estado sérvio etnicamente puro na Krajina. 

Na primeira sessão do seu julgamento, Hadzic recusou declarar-se culpado ou inocente.