Sérvia deteve o último suspeito de crimes de guerra de Haia ainda em fuga
O último dos mais procurados criminosos de guerra na Sérvia ainda em fuga e indiciado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia foi finalmente capturado, anunciaram hoje as autoridades do país.
Goran Hadzic, figura chave da guerra na Croácia (1991-95), tido como um dos mais poderosos senhores da guerra na região de Krajina, é acusado da prática de crimes de guerra pelo tribunal das Nações Unidas em Haia, devido ao seu papel na liderança das forças separatistas sérvio-croatas que conduziu à morte de centenas e deportação de milhares de croatas e outros não sérvios.
A sua transferência para Haia ocorrerá no prazo máximo de uma semana, foi adiantado pelo porta-voz do procurador sérvio para os crimes de guerra, Bruno Vekaric.
O anúncio da sua detenção surge dois meses apenas depois de a Sérvia ter finalmente capturado o comandante militar sérvio Ratko Mladic, tido como o “Carniceiro da Bósnia”, cujo julgamento está já em curso em Haia.
A confirmação da captura de Hadzic, de 52 anos, foi já feita pelo Presidente sérvio, Boris Tadic, o qual precisou que a detenção ocorreu esta manhã na região de Fruske Gore.
Hadzic desapareceu há cerca de sete anos, no mesmo dia em que a acusação contra ele formulada por Haia foi enviada, a 13 de Julho de 2004, junto com o respectivo mandado de captura, para o Governo sérvio em Belgrado.
Até aí vivia abertamente na cidade de Novi Sad, no norte da Sérvia, e a sua fuga foi mantida em segredo durante vários dias ao mesmo tempo que familiares garantiam que ainda se encontrava em casa e a polícia sérvia mantinha não ter recebido ordens para o deter.
Segundo foi mais tarde apurado, graças a imagens de vigilância pública, Hadzic partiu da sua casa em Novi Sad na tarde de 13 de Julho de 2004, com uma mala, depois de ter recebido o alerta de simpatizantes da linha dura nacionalista sérvia de que o mandado de captura já fora enviado para Belgrado.
União Europeia aplaude capturaA União Europeia – que mantivera a pressão pela detecção e captura de Hadzic – acolheu hoje positivamente a detenção deste suspeito criminoso de guerra, o último já da lista de acusados pelo TPI para a ex-Jugoslávia que ainda permanecia a monte.
É “mais um passo importante para a Sérvia na assumpção europeia do país e igualmente crucial para a justiça internacional”, sublinharam o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e a chefe da diplomacia dos 27, Catherine Ashton, em comunicado conjunto prontamente divulgado. A UE sempre deixou claro a Belgrado que as suas ambições de adesão dependiam
Por seu lado, o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, também aplaudindo a detenção de Hadzic por parte das autoridades sérvias, avaliou que a mesma “permite fechar o mais doloroso capítulo da história recente da Europa”.
Notícia actualizada às 11h50