Goran Hadzic declara-se inocente no Tribunal de Haia

O servo-croata Goran Hadzic, acusado por crimes de guerra cometidos em Vukovar durante o conflito na Croácia de 1991 a 1995, declarou-se inocente durante a segunda audiência do seu julgamento que decorreu nesta quarta-feira no Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPI-J), em Haia.

Hadzic foi detido na Sérvia em Julho, após sete anos em fuga, e foi depois transferido para Haia. Era o último dos 161 suspeitos procurados pelo tribunal internacional da ONU para julgar crimes de guerra na ex-Jugoslávia. A sua detenção ocorreu após a captura, em Maio, do líder militar dos sérvios na Bósnia, Ratko Mladic, acusado pelo cerco a Sarajevo e pelo massacre de cerca de 8000 rapazes e homens muçulmanos bósnios em Srebrenica, em 1995.

Na sua primeira audiência, no mês passado, Hadzic recusou declarar-se inocente ou culpado, o que lhe garantiu mais 30 dias para defender-se das 14 acusações que incluem também crimes contra a humanidade. É responsabilizado pela perseguição de croatas e não-sérvios, baseada em questões políticas, raciais e religiosas; extermínio e homicídio de centenas de croatas e não-sérvios; detenção, tortura e crueldade contra milhares de detidos em campos; destruição gratuita e pilhagem de propriedades e ainda transferência forçada de 90 mil croatas e não-sérvios.

Goran Hadzic foi uma figura central da autoproclamada república sérvia de Krajina, em 1992-1993, e liderou a campanha para bloquear a independência da Croácia em relação à Jugoslávia.

O suspeito é considerado responsável pelo massacre de quase 300 homens em 1991, em Vukovar, pelas tropas servo-croatas e pela deportação de 20 mil pessoas da cidade depois de ter sido tomada.

Depois da guerra, Hadzic viveu em Novi Sad, cidade no norte da Sérvia, sem a preocupação de se esconder, e aí permaneceu até 2004, altura em que o Tribunal Penal Internacional para ex-Jugoslávia o indiciou. Desde então nunca mais foi visto, até ao dia em que foi capturado quando tentava vender um quadro roubado do artista italiano Amedeo Modigliani.

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