CDS-PP quer ir além da supervisão bancária na revisão constitucional

Assunção Cristas iniciou esta quinta-feira ronda de contactos com os partidos da esquerda, numa iniciativa inédita do partido mais à direita com assento no Parlamento.

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Assunção Cristas Enric Vives-Rubio

A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, afirmou esta quinta-feira  que as propostas de revisão constitucional que a bancada irá apresentar, ainda sem prazo definido, incluirão outras matérias para além da nomeação do Governador do Banco de Portugal.

Assunção Cristas afirmou que a questão da supervisão bancária e a forma de nomeação do governador do Banco de Portugal "é um aspecto entre outras questões que virão" do trabalho que o partido iniciará no seu gabinete de estudos e para o qual contará com o contributo de independentes.

"Não temos neste momento uma preocupação central de ir rever a Constituição da República, queremos dar respostas concretas para resolver questões concretas que têm impacto na vida dos portugueses e é daí que nascerão os tópicos para a revisão constitucional", disse.

A presidente do CDS-PP falava aos jornalistas no final de uma audiência com dirigentes do Partido Ecologista "Os Verdes", na sede deste partido, em Lisboa, solicitada pela nova direcção centrista após o Congresso do passado fim de semana para apresentação de cumprimentos.

Assunção Cristas sublinhou que o CDS-PP já tem "trabalho feito", lembrando que o partido apresentou projectos de revisão em 2010, num processo de revisão constitucional que foi interrompido pela convocação de eleições antecipadas.

Em 2010, o CDS-PP propôs a eliminação do Preâmbulo da Constituição, a consagração de um limite à carga fiscal, que não poderia ultrapassar os 35% do Produto Interno Bruto, e a eliminação dos Governos Civis.

O projecto do CDS-PP conferia ao Presidente da República o poder de nomear dois dos juízes do Tribunal Constitucional, reduzia os prazos eleitorais e propunha que os titulares de cargos políticos condenados no exercício de funções não pudessem ser eleitos para mandatos futuros.

"A minha preocupação não é com o timming, é com as políticas e com a forma como encontramos respostas", disse a recém-eleita líder do CDS-PP, adiantando que reunirá a Comissão Executiva do partido na sexta-feira para dar início a esse trabalho.

"Conversar com todos"
Uma delegação do CDS-PP presidida pela recém-eleita Assunção Cristas reuniu-se hoje pela primeira vez com dirigentes do PEV na sede deste partido, em Lisboa, numa iniciativa saudada pelas duas direcções partidárias como "normal" em democracia.

"Parece que é inédita mas eu espero que o CDS possa fazer muitas coisas inéditas", afirmou Assunção Cristas, justificando o pedido de audiência ao PEV para apresentação de cumprimentos da nova direcção centrista após o 26.º Congresso do partido, no fim de semana passado.

A líder do CDS-PP, acompanhada por duas vogais da Comissão Executiva, Ana Rita Bessa e Teresa Anjinho, estiveram cerca de meia hora reunidas com Manuela Cunha, Dulce Arrojado e Vítor Cavaco.

"Somos oposição clara e firme a este Governo apoiado nos partidos mais à esquerda do nosso espectro político mas isso não quer dizer que não possamos conversar com todos, de forma educada e de forma cordata e nalguns aspectos até encontrar um ou outro ponto de preocupação comum e foi uma boa conversa do PEV", afirmou Assunção Cristas, que à tarde se reunirá para o mesmo efeito com o PCP e com o BE.

Do lado do PEV, Manuela Cunha afirmou que o partido "aceitou com bom agrado a conversa", considerando que "é normal" numa democracia partidária e plural.

"Em termos de pedido de audiência foi a primeira vez que isto aconteceu e da nossa parte entendemos que isto é normal numa democracia partidária plural que existe em Portugal e aceitámos com bom agrado esta conversa que tivemos à volta de um conjunto de situações do país", disse.

Manuela Cunha disse que foram trocadas "opiniões sobre questões de ordem ambiental, social" e sublinhou que o diálogo com o CDS-PP já existia a nível parlamentar, tal como com os restantes partidos.

"Quando pontualmente há opiniões comuns, elas traduzem-se em termos de aprovação de propostas parlamentares", com o CDS ou com os outros partidos, seja na área ambiental, social ou económica, disse.

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