Estudantes apresentam compostos químicos para combater Alzheimer

Mais de 750 estudantes de licenciatura e mestrado da Universidade do Porto apresentam propostas num congresso especial

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Novos compostos químicos para combater a doença de Alzheimer ou ajudar no tratamento de quimioterapia contra o cancro são duas das centenas de investigações científicas que estudantes da Universidade do Porto (UPorto) apresentaram num congresso especial.

Em entrevista à Lusa, Maria João Ramos, vice-reitora para a investigação e desenvolvimento da UPorto, explicou que entre quinta e sexta-feira decorre no Porto uma espécie de congresso júnior denominado "Encontro Investigação Jovem" (IJUP), no qual alunos dos 1.º e 2.º ciclos da UP apresentam 373 trabalhos de investigação científica, tanto em comunicação oral como em 'poster'.

"Os temas de investigação são uma simbiose entre os problemas actuais que existem e que os professores querem resolver em tempo útil, e também as próprias vocações dos professores e dos investigadores que estão à frente das equipas de investigação", acrescentou a vice-reitora, classificando o congresso dos alunos como um "retrato da investigação" que se faz na UPorto.

Há muitas apresentações sobre saúde, porque é um tema forte de investigação na Universidade do Porto, como o Alzheimer, cancro, sida, mas há também uma série de trabalhos de engenharia, um tema igualmente muito forte na UPorto, informou Maria João Ramos.

Inês Cruz, licenciada em bioquímica e mestre em química farmacêutica, apresentou um trabalho científico denominado de "Síntese e Avaliação Biológica de derivados xantónicos e flavónicos como potenciais agentes dual para o combate da Doença de Alzheimer". "Conseguimos sintetizar dois derivados que apresentaram actividade dual, nomeadamente actividade antioxidante e inibidora de uma enzima que podem ser promissores agentes para o combate da doença de Alzheimer", explicou à Lusa a jovem investigadora.

Inês Cruz observou que esta descoberta pode fazer com que os "doentes possam melhorar a nível cognitivo e atrasar a perda de memória", assim como podem "evitar a formação de outras complicações a nível molecular, devido à actividade antioxidante que está implicada em várias características patogénicas da doença de Alzheimer".

A importância da experiência

Ana Oliveira, licenciada e mestre em química farmacêutica, também apresentou os resultados do estudo científico que realizou sobre "Curcumin derivatives as potencial P-glycoprotein inhibitors: synthesis and stability studies" (Derivados da Curcumina como inibidores da glicoproteína P: síntese e estabilidade)", cujo objectivo foi tentar inibir uma proteína que é responsável pela resistência das células cancerígenas à quimioterapia.

"O objectivo era bloquear a proteína e impedir que ela causasse resistência às células (...) e expulsasse os fármacos anticancerígenos para fora das células", explicou Ana Oliveira, referindo que gostava de continuar a investigar e continuar este estudo e, quem sabe, até seguir com uma bolsa de doutoramento.

"Este congresso é muito importante para nós começarmos a nossa carreira de investigador, ambientando-nos aos congressos e à comunicação científica. Dá-nos um bocadinho mais de experiência e deixa-nos mais à vontade para futuros congressos", considerou a jovem investigadora.

Mais de 750 estudantes de licenciatura e mestrado da UPorto participaram neste encontro, no Palácio das Artes da Fundação da Juventude, junto à Ribeira do Porto, para apresentarem pela primeira vez em público os resultados dos seus projectos de investigação científica. Das ciências do desporto à criminologia, passando pelas artes, engenharias, ciências sociais e ciências da vida e da saúde, o IJUP é o mostruário das últimas novidades ligadas às diferentes áreas de ensino e investigação da UPorto.

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