Execução dos incentivos comunitários para as empresas não chega a 40%

Depois de alguns mecanismos de agilização da aprovação e pagamento de verbas, Governo executou 37% do seu objectivo a seis semanas do fim do prazo.

Foto
Marco Duarte

No dia 22 de Janeiro deste ano, as candidaturas aprovadas no âmbito do Portugal2020 já ultrapassavam os 700 milhões de euros, mas o montante dos pagamentos que havia sido feito às empresas limitava-se aos 37 milhões de euros. O problema não era tanto o facto de esses projectos não estarem com a respectiva execução contratada, já que 84% dos projectos já tinham contrato estabelecido. O problema era – e ainda é, insistem as empresas –  a forma de os incentivos financeiros chegarem às suas contas bancárias.

Numa altura em que o Governo se mantém firme no seu objectivo de entregar 100 milhões de euros às empresas nos seus primeiros cem dias de mandato, e quando faltam cerca de seis semanas para atingir o prazo, a taxa de execução está nuns “razoáveis” 37%, como afirmou esta manhã o secretário de estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza,  perante um auditório do Citeve completamente cheio de empresários. O Governo promete  que não vai desviar o foco (“o dinheiro existe e tem de passar para onde faz falta, para as empresas que podem ajudar o país a crescer”) nem dispersar a atenção (“continuaremos a fazer reuniões semanais para procurar resolver os problemas e quando esta meta estiver atingida vamos estabelecer outras”). Mas o secretário de Estado sentiu-se obrigado a ser mais cauteloso (“a experiência que tenho a não prometer o impossível relativamente à desburocratização que seria necessária”, numa referencia à sua experiencia na gestão do Compete) e a justificar a medida antes que surjam as acusações. “Não queremos entrar em campeonatos de quem executou mais, que Governo fez mais ou menos. Queremos é colocar os incentivos do lado de quem precisa”, insistiu.

Para atingir estes resultados, o Governo definiu três medidas quick-win, “daquelas que não resolvem tudo, mas que permitem resultados imediatos”: eliminar a obrigatoriedade de fazer a comprovação do início do projecto, com a apresentação da primeira factura de investimento;  facilitar o acesso aos adiantamentos, dispensando de apresentação de garantia bancária nos 10% iniciais; alargar o leque de modalidades de adiantamentos, até aos 25% e 50%. O Governo também criou uma linha especial de garantia mútua de 30 milhões de euros, e está a ultimar as negociações com o Banco Europeu de Investimento para uma primeira tranche dos 750 milhões de euros que já estão definidos para uma linha de apoio à comparticipação nacional durante toda a duração do programa.

No final da sessão de esclarecimento dedicada ao Norte, a primeira das quatro que estavam agendadas com o mesmo objectivo, em Coimbra, Leiria e Alentejo, o secretário de Estado explicou aos jornalistas que estas medidas estarão em vigor durante toda a duração do programa, e que na avaliação “permanente” que lhe será feita poderão vir a ser tomadas outras iniciativas. Por parte das empresas, o governante ouviu, durante a sessão, falar dos atrasos, da falta de interacção com os gestores de projecto, da dificuldade em receber os pagamentos. “No dia 12 de Março esperamos já estar a andar a todo o vapor, e que depois já nem seja necessário um controlo tão apertado na gestão dos fundos”, arriscou.

Esta quarta-feira foram assinados 52 contratos com grupos de acção local. No próximo dia 2 de Fevereiro, anunciou o secretário de Estado, vai ser lançado “um pacote de investimento autárquico muito significativo”, a ser assinado com as Comunidades Intermunicipais, e que vai privilegiar três categorias de investimento: equipamentos de ensino, equipamentos de saúde e recuperação do património cultural e histórico. “Tratam-se de dimensões que vão ajudar as economias locais e regionais a dar o contributo na dinâmica de crescimento e desenvolvimento que o país precisa”.

Sugerir correcção
Comentar