Museus municipais do Porto precisam de mais divulgação e mobilidade

Pouco mais de 11% dos turistas que chegam ao Porto de avião vão visitar os museus da Câmara do Porto

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A Casa-Museu Guerra Junqueiro será intervencionada Fernando Veludo/nfactos

Quem aparece à porta de um dos museus municipais do Porto tem enormes probabilidades de ali chegar sem qualquer reserva prévia (95,1%) e de aquele não ser o único museu que irá visitar na cidade (90,2%). O mais provável é que estes visitantes passem pelo Museu do Vinho do Porto (42,1%) e pelo Museu Romântico da Quinta da Macieirinha (36,7%), sem esquecer o Museu de Serralves (39%), que não é municipal.

Estes dados constam de um estudo encomendado pelo pelouro da Cultura da Câmara do Porto, assente em 387 questionários realizados a visitantes daqueles museus, em Julho deste ano. Foram também avaliadas informações recolhidas nos postos de turismo da cidade e no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Os resultados servirão de base de trabalho a uma candidatura que a divisão municipal de Museus e Património Cultural da câmara está a preparar ao programa operacional regional do Norte 2014-2020 “Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos Património Natural e Cultural”, com o objectivo de valorizar os museus da cidade. O documento já permitiu identificar algumas fragilidades.

Os resultados do estudo foram entregues aos vereadores da Câmara do Porto na reunião do executivo da passada terça-feira, por iniciativa do vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, que considerou o documento repleto de “dados interessantes” e alguns “particularmente curiosos”. O vereador destacou “a apetência por produtos culturais por parte dos visitantes” e o facto de “a imagem do Porto como destino low cost começar a ser alterada”.

De facto, entre os inquiridos, a grande maioria é composta por estrangeiros (70,5%) e apesar de a maior parte deles chegar ainda ao Porto numa companhia aérea low cost (54,1%), a verdade é que a média do valor gasto na região é de 1212 euros – um valor potenciado pelo facto de mais de 44% dos visitantes ter indicado que iria gastar mais de 700 euros na sua viagem (e de 9,1% terem mesmo dito que iriam gastar mais de 2000 euros).

Os visitantes estrangeiros dos museus municipais analisados – Museu do Vinho do Porto; Museu Romântico da Quinta da Macieirinha; Banco de Materiais do Palacete Visconde Balsemão; Casa Museu Guerra Junqueiro; e Casa Museu Marta Ortigão Sampaio – têm, sobretudo, entre 41 e 60 anos (38,6%), um curso superior (46,7%) e chegam, principalmente, de França (37,4%). Já os visitantes nacionais são maioritariamente do Porto (43,9%) e, enquanto os primeiros chegam aos museus através de indicação de guias turísticos, os segundos são atraídos principalmente pelas recomendações de familiares ou amigos.

Quem visita os museus sai satisfeito, mas aponta aspectos menos positivos – como a sinalética na rua, que apenas recebe uma pontuação de 4,5, numa escala de 1 (muito mau) a 7 (excelente) – e, além disso, como demonstra a análise das informações recolhidas junto dos turistas que aterraram no aeroporto, a percentagem dos visitantes da região que vão efectivamente visitar museus é ainda muito pequena (11,2%).

Num texto síntese que acompanha o estudo, Paulo Cunha e Silva diz que o documento permitiu “confirmar algumas fragilidades” da rede de museus municipais, destacando a “dificuldade de comunicar não só a sua localização, como as actividades que desenvolve”. O vereador considera, por isso, “justificada a necessidade de promover rapidamente uma valorização destas estruturas museológicas, resolvendo os problemas que têm vindo a ser detectados”. O objectivo passa por “promover a valorização dos seus espaços e conteúdos, para que se consolidem como referências culturais na cidade e contribuam para a qualificação do seu turismo”.

Entre as recomendações apontadas no estudo está a necessidade “imprescindível” de que eles constem da informação disponibilizada pelos guias turísticos, a incrementação de “um padrão de qualidade sem prejuízo do preço” e a promoção da “mobilidade entre os museus”, para responder à predisposição revelada pelos inquiridos de visitarem mais do que um destes espaços. Dotados de dados que indicam que “o interesse cultural geral” é o principal motivo para as visitas aos museus, a autarquia quer também museus com “novas camadas de leitura à experiência da visita à cidade” e que não estejam tão centrados nos seus espólios. A promoção é o último aspecto realçado, com os responsáveis pelo estudo a afirmarem mesmo que “o foco deverá ser feito na promoção e reforço da notoriedade da oferta museológica municipal”.

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