BCP passa de prejuízo para lucros de 240,7 milhões no semestre

Presidente antecipa segunda metade do ano mais difícil por causa da Grécia e de eleições legislativas.

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Resultados apresentados por Nuno Amado superam expectativas do mercado. PEDRO CUNHA/Arquivo

Os resultados líquidos do Millennium BCP atingiram 240,7 milhões de euros no primeiro semestre, o que compara com um prejuízo de 62,2 milhões de euros no mesmo período do ano passado, revelou esta segunda-feira a instituição liderada por Nuno Amado.

O valor divulgado fica muito acima da estimativa média dos analistas contactados pela Reuters, que ficava pelos 150 milhões de euros.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliário (CMVM), o banco diz que o aumento de resultados foi sustentado na recuperação da actividade em Portugal e no aumento do contributo das operações internacionais.

A evolução do resultado foi determinada, “por um lado, pelo aumento de 62,6% do resultado core bruto (correspondente ao agregado da margem financeira e das comissões líquidas deduzidas dos custos operacionais) face ao primeiro semestre de 2014, reflectindo a subida de 26,6% registada na margem financeira e, por outro, pelos ganhos em operações financeiras relacionados com a alienação de títulos de dívida pública portuguesa”, refere o comunicado.

Segundo o banco, o resultado líquido da actividade em Portugal evidencia uma melhoria de 248,5 milhões de euros, beneficiando dos aumentos registados em resultados em operações financeiras e na margem financeira, a par da redução dos custos operacionais.

Relativamente à actividade internacional, excluindo as operações descontinuadas ou em descontinuação, o resultado líquido registou um aumento de 6,2% face ao montante apurado no primeiro semestre de 2014, impulsionado sobretudo pela subida da margem financeira e dos resultados em operações financeiras em Angola e Moçambique.

Os depósitos de clientes atingem 50,6 mil milhões de euros, um aumento 4,4%, com os recursos totais de clientes a situarem-se em 65,7 mil milhões de euros, mais 2,8% do que no final do primeiro semestre do ano anterior.

Em termos de rácios de capital, o banco apresentou o rácio common equity tier 1 de 13,1%, que compara com 12,5% no mesmo período do ano anterior, a beneficiar da melhoria da rendibilidade recorrente, da venda de 15,4% do Bank Millennium (Polónia) e do impacto da operação pública de troca concluída Junho.

Na conferência de imprensa, após a divulgação de resultados, o presidente do BCP admitiu que a segunda metade do ano será mais difícil que a primeira, especialmente por causa da Grécia e das eleições legislativas.

"Nós, banco e país, estamos a percorrer um caminho de correcção de alguns desajustes estruturais que havia. É um caminho difícil e no segundo semestre temos desafios que têm a ver com o trabalho que temos vindo a fazer, no caminho da sustentabilidade e da recuperação da rentabilidade, num ambiente competitivo muito forte", afirmou o gestor, citado pela Lusa.

"Não foi um semestre fácil, foi um semestre difícil, e vai ser um segundo semestre difícil, mas o BCP está a fazer o caminho que tem que fazer", reforçou o presidente do BCP, que sobre o projecto de fusão com o BPI disse que “não há nenhuma evolução”.

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