Crítica
Cinema
Filmes assombrados
A conjugação da curta risonha e formalista de João Pedro Rodrigues com a média aérea e solta de Apichatpong Weerasethakul, funciona na perfeição.
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No papel, a conjugação da curta risonha e formalista de João Pedro Rodrigues com a média aérea e solta de Apichatpong Weerasethakul parece estranha; na prática, funciona na perfeição, já que em ambos os casos estamos a falar de “filmes assombrados” por um qualquer corpo estranho.
Manhã de Santo António é filmado como se um extraterrestre (ou Santo António, ele próprio...) observasse os comportamentos e as ressacas dos humanos depois de uma longa noite de besanas e comas alcóolicos, e traz ao de cima um humor que raras vezes vimos no cinema do realizador. Mekong Hotel tem pelo seu lado qualquer coisa de experiência improvisada e fluida, como se o tailandês estivesse a tentar sobrepor realidades alternativas apenas pelo poder dos actores e do cenário. O que não se percebe, mesmo, é porque é que as grandes longas de Weerasethakul (Tropical Malady, Syndromes and a Century...) ficaram por chegar às nossas salas mas esta média intercalar estreia e ainda por cima com três anos de atraso...
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