O número de construções licenciadas em Portugal registou, no primeiro trimestre deste ano, um crescimento 7,1%, marcando uma ruptura com os últimos nove anos em que foi acumulando recuos consecutivos face ao período homólogo do ano anterior.

Os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), embora não permitam ainda vislumbrar a consolidação de uma tendência de recuperação no sector, mostram que nos primeiros três meses deste ano foram concedidas 2394 licenças de construção nova, o que compara com as 2224 que tinham sido passadas no último trimestre do ano passado e às 2235 formalizadas no primeiro trimestre de 2014.

Do total de construções licenciadas, cerca de 1500 têm como destino habitação familiar. O Norte, com 670 edificios licenciados e um aumento de quase 20% face a 2014, é o principal contribuinte para a evolução do indicador.

Apesar deste avanço inédito nos últimos anos na concessão de licenças de construção nova, o número global de edifícios licenciados conheceu novo recuo, embora ligeiro (-1,3%). Isto aconteceu, mostram os dados do INE, porque o número de projectos de reabilitação aprovados caiu cerca de 16% face ao período homólogo de 2014, para um total de 1176 unidades.

Apesar de neste segmento da área de construção a Área Metropolitana de Lisboa ter registado um aumento significativo no número de licenças (30,4%), tal não compensou o recuo verificado a Norte (17,7%) e no Centro (-33%).

Os números do INE poderão indiciar sinais de que a confiança está a regressar ao sector da construção, que foi provavelmente, o mais afectado pelas duas crises vividas na última década e na actual, mas mostram também que a recuperação não é um dado completamente adquirido.

O olhar para o passado recente permite verificar que no que toca a conclusão de edifícios a situação ainda é complexa. O número de edificações concluídas no primeiro trimestre deste ano ficou-se nos 3122, um recuo ligeiro face aos últimos três meses do ano passado (3206), mas que aumenta para quase 26% na comparação com o que se verificara no início de 2014.

Também neste capítulo, a reabilitação é responsável pela maior queda, de cerca de 32%, enquanto as construções novas que se concluíram recuaram 21% face ao mesmo período do ano passado. O quadro cinzento é, aqui, generalizado, embora se note que é mais uma vez na Área Metropolitana de Lisboa que se verificam os recuos mais significativos, praticamente todos eles acima dos 30%.

O número de edifícios licenciados no primeiro trimestre deste ano, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística, atingem uma área total de 1,236 milhões de metros quadrados, o que representa ainda assim um crescimento ligeiro face ao mesmo período de 2014. Já quanto aos edifícios concluídos a área bruto registada foi de 1,345 milhões de metros quadrados, neste caso abaixo dos 1,577 milhões de metros quadrados nos primeiros três meses do ano passado.