Trabalhadores dos transportes agendam semana de protestos em Junho

Para já, está apenas agendada uma greve na CP Carga mas é provável que sejam convocadas mais paralisações nos próximos dias.

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Nelson Garrido

Os representantes dos trabalhadores das empresas públicas de transportes decidiram nesta segunda-feira convocar uma semana de protestos contra as medidas tomadas pelo Governo, nomeadamente as privatizações e os processos de subconcessão.

José Manuel Oliveira, coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), adiantou ao PÚBLICO que as iniciativas vão decorrer entre 15 a 19 de Junho, estando previstas greves, plenários e, no último dia, uma manifestação transversal a todas as transportadoras do Estado.

Para já, está apenas convocada uma paralisação na CP Carga, a unidade da CP para o transporte de mercadorias, a 17 de Junho. Mas o coordenador da Fectrans acredita que mais protestos deste tipo poderão ser convocados nos próximos dias. Para que tal aconteça, respeitando o prazo de dez dias dos pré-avisos de greve, a decisão terá de ser tomada entre terça e quarta-feira.

A reunião que juntou representantes de empresas como a Metro de Lisboa, Transtejo, TAP, Carris ou STCP serviu para definir “um plano de acção que envolva cada vez mais trabalhadores”. Os sindicatos contestam as privatizações da TAP, da CP Carga, da EMEF e da Carristur e a subconcessão da Metro do Porto e da STCP (já concluída) e a da Metro de Lisboa e da Carris (actualmente em curso).

Além disso, debatem-se com a fusão da Estradas de Portugal e da Refer, formalizada nesta segunda-feira com a criação da Infra-estruturas de Portugal, que vai agregar as duas empresas. 

Fusão "liberta o contribuinte"
Nesta segunda-feira, na cerimónia de apresentação da nova empresa, o presidente da Infra-estruturas de Portugal, António Ramalho, afirmou que o grande desafio é "libertar definitivamente o contribuinte português do dividendo negativo", realçando que a fusão acontece "sobretudo para benefício dos clientes".

"Não é aceitável que a maior empresa dependa do Estado. O grande desafio que se coloca é criar uma sustentação eficaz na gestão dos ciclos de investimentos com as nossas receitas. Queremos libertar definitivamente o contribuinte português do dividendo negativo das infra-estruturas", declarou António Ramalho.

O Governo defende que esta fusão vai permitir obter ganhos de eficiência ao nível da contratação externa, da eliminação da sobreposição de estruturas internas comuns às duas empresas, da redução de encargos por via de economias de escala e de uma melhor afectação de recursos.

Os ganhos obtidos, acrescenta, vão traduzir-se numa "melhoria significativa" da situação económico -financeira das duas empresas, alcançando sustentabilidade, com criação de valor para o Estado e para a economia nacional.
"Também ao nível do sistema de transportes, a atribuição a uma única entidade de coordenação e planeamento integrado das redes ferroviária e rodoviária promove uma melhor organização da rede de transportes, além de permitir uma melhor afectação de recursos", conclui o executivo.

A Infra-estruturas de Portugal vai ter cerca de 4000 trabalhadores e vai gerir 13.515 quilómetros de rodovia e 2794 quilómetros de ferrovia. A fusão entre a Refer e a EP estava prevista no Plano Estratégico dos Transportes e Infra-estruturas e foi aprovada em Conselho de Ministros a 9 de Abril. Com Lusa

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