Presidente da TAP discute com sindicatos plano de corte de custos e privatização

Governo analisará venda da companhia no Conselho de Ministros desta quinta-feira e poderá abrir já a fase de negociação com os candidatos.

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Presidente da TAP tem até sexta-feira para apresentar medidas de corte de custos ao Governo Miguel Manso

O presidente da TAP vai receber nesta quinta-feira os oito sindicatos que em Dezembro assinaram um acordo para reforçar as garantias dos trabalhadores em caso de privatização. A reunião, que está agendada para as 10h, acontece depois de Fernando Pinto ter apresentado o parecer sobre as propostas de compra da companhia e servirá para debater o plano de corte de custos e a venda da empresa. Nesta quinta-feira também haverá reunião semanal do comité que está a preparar a privatização.

O PÚBLICO apurou que o encontro com Fernando Pinto foi agendado na sequência de um pedido das oito estruturas sindicais, que estiveram reunidas na segunda-feira para fazer um balanço da evolução da TAP nos últimos meses e do processo de venda da transportadora aérea, que entrou esta semana numa fase decisiva. O grupo que nesta quinta-feira será recebido pelo presidente da companhia chegou a contar com um nono elemento, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil, que saiu da plataforma fruto da convocação de uma greve de dez dias, em Maio.

O encontro acontecerá já depois de Fernando Pinto ter remetido à Parpública, a holding estatal que detém as acções na TAP, o relatório em que é analisado o projecto estratégico dos três candidatos à compra da companhia. O prazo para a entrega deste parecer, em que a administração da empresa se pronuncia sobre a viabilidade e mérito das propostas, terminava na quarta-feira e agora a Parpública tratará de apresentar até sexta-feira ao Governo um relatório mais completo, que conterá uma avaliação de índole financeira.

Na corrida estão as ofertas de David Neeleman, dono da brasileira Azul e da norte-americana Jetblue, de Germán Efromovich, que controla o grupo sul-americano Avianca, e do empresário português Miguel Pais do Amaral. O Governo pretende decidir a 28 de Maio, em Conselho de Ministros, se escolhe já o vencedor ou se segue para uma fase de negociação, com vista a melhorar as ofertas de compra. 

Não é certo, porém, que a Parpública precise de esgotar a totalidade do prazo que lhe foi dado para terminar a análise. O comité que está a preparar a privatização, que inclui os assessores jurídicos e financeiros do Estado, reúne-se nesta quinta-feira. E a venda também será analisada em Conselho de Ministros, havendo, aliás, a possibilidade de o Governo decidir já a abertura de uma fase de negociação com os candidatos para melhorar as propostas.

O envolvimento dos sindicatos neste processo é fundamental, até porque os candidatos vêem com apreensão a instabilidade laboral que a companhia tem vivido. Prova disso é o facto de todos estarem a incluir nas suas propostas benefícios para os trabalhadores: Neeleman promete distribuir 10% dos lucros, Efromovich subiu a fasquia até aos 20%, embora essa partilha dependa do mérito, e Pais do Amaral pretende reservar entre 5 a 10% do capital aos funcionários quando avançar para a dispersão do capital da TAP em bolsa.

Além do tema da privatização, também será debatido no encontro entre Fernando Pinto e as oito estruturas sindicais o plano de corte de despesas que o Governo exigiu à administração da TAP, sobretudo para dar resposta aos prejuízos de 35 milhões de euros provocados pela greve dos pilotos. O presidente da companhia de aviação, que já esteve reunido esta semana com o executivo, tem até sexta-feira para apresentar estas medidas, que, ao contrário do que chegou a ser noticiado, não vão passar por despedimentos. 

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