Ministério público francês pede absolvição de Strauss-Kahn

O tribunal ainda pode considerar o ex-director do FMI culpado, mas os indicadores são-lhe favoráveis.

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Dominique Strauss-Kahn à chegada ao tribunal, nesta terça-feira Pascal Rossignol/Reuters

O Ministério Público francês pediu nesta terça-feira a absolvição de Dominique Strauss-Kahn no julgamento por proxenetismo. "Nem a investigação criminal nem as audiências" conseguiram provar que houve crime, disse no tribunal de Lille o procurador Frédéric Fèvre.

O antigo director do Fundo Monetário Internacional, que chegou a ser o candidato favorito dos socialistas franceses às presidenciais de 2012, começou a ser julgado por “proxenetismo agravado em reunião" - a defesa falou em “soirées libertinas”, a acusação em "orgias com prostitutas" - a 2 de Fevereiro. Na segunda-feira, a associação de luta contra o proxenetismo e duas prostitutas, Jade e Mounia, que disseram ter participado nas "orgias" entre 2008 e 2011, retiraram as suas queixas contra Strauss-Kahn.

Durante os primeiros dias do julgamento, o tribunal ouviu Strauss-Kahn dizer que não se considerava organizador deste tipo de "soirées": "Não tinha tempo para isso", disse - as queixas referiam-se ao tempo em que era director do FMI.

A relação do antigo político com uma rede de tráfico de mulheres - o processo "Carlton", o nome do hotel de Lille onde as festas tinham lugar - foi tornada pública ao mesmo tempo que rebentava o escândalo de Nova Iorque, quando o então patrão do FMI foi detido e acusado de violar uma empregada do Hotel Sofitel. Esse caso, em 2012, acabou arquivado, depois de a acusadora, Nafissatou Diallo, ter chegado a um acordo confidencial com o francês.

A investigação à rede de tráfico de mulheres e as notícias sobre os hábitos sexuais de Strauss-Kahn arruinaram a carreira pública do homem que muitos esperavam que fosse Presidente de França - acabou por ser eleito François Hollande.

DSK, como é conhecido, garantiu no tribunal que pensou sempre que estava a participar em “noitadas libertinas” sem saber que estava com profissionais. Dirigindo-se ao tribunal, o procurador Frédéric Fèvre disse nesta terça-feira que a "fama" do réu "não deve em caso algum ser uma presunção de culpabilidade": "O nosso sistema judicial deve estar orgulhoso por não condenar uma pessoa quando há dúvidas e solicitamos a absolvição".

O caso pode, desta forma, estar à beira de uma conclusão favorável ao ex-director do FMI. Porém, ao jornal espanhol El País, o secretário-geral do tribunal de Lille, Christophe Amunzateguy, disse que nada está decidido: há um juiz e há um tribunal que é soberano para decidir".
 

  



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