“Panóplia de recursos não se voltará a repetir”, diz Santana

Provedor da Santa Casa de Lisboa recusou estar a fazer campanha para as presidenciais e deixou recados para que Governo não deixe escapar a oportunidade da recuperação económica do país.

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Pedro Santana Lopes: “É aqui que quero continuar, é aqui que me sinto bem, sinto-me realizado” Enric Vives-Rubio

Santana Lopes aceita que os dois partidos do Governo – PSD e CDS – tenham de tratar apenas das legislativas nas conversações sobre a coligação pré-eleitoral, deixando de fora as presidenciais. “Compreendo perfeitamente”, disse, em Penedono, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, um dos nomes que se posiciona para ser candidato a Presidente da República.

Passos Coelho e Paulo Portas já começaram a conversar sobre coligação pré-eleitoral e é assumido que o candidato presidencial está de fora deste processo. Como o PÚBLICO avançou, um eventual acordo terá de ter uma referência às presidenciais. Mas essa referência pode ser apenas um compromisso de consulta prévia entre os dois partidos sobre o apoio a conceder a um candidato.

No pequeno município de Penedono, no distrito de Viseu, onde inaugurou a loja local de Turismo, Santana Lopes não quis falar em presidenciais, embora no discurso virado para os autarcas e para o interior do país admitiu que gosta de “trabalho” e de “desafios”.

Optou por deixar recados a quem governa para que aproveite a conjuntura da recuperação económica e tome opções que “não levem outra vez a ouvir as mesmas conversas e os mesmos discursos, a dizer que temos outra vez de apertar o cinto e calcorrear estradas de dificuldades”.

“Quando se fala que a recuperação económica está a chegar, quando se fala das grandes vantagens do pacote Draghi na compra de dívida, quando se fala de tudo isto, a grande questão é como levar a recuperação económica a todo o país, nomeadamente às regiões onde foi destruído o tecido económico”, disse. E essas regiões, segundo Santana Lopes, tanto são no interior do país, onde há desemprego e desertificação, como a “30 quilómetros de Lisboa, com cidades desertas, onde as lojas estão fechadas e as pessoas desempregadas”.

O provedor da Santa Casa falou mesmo que esta é a última grande oportunidade de Portugal e que o ano agitado que se avizinha, com a realização de eleições legislativas, não pode retirar o país do caminho da recuperação económica. “O pacote Draghi, os fundos comunitários  2020 e o plano Junker constituem uma panóplia de recursos financeiros que é certamente para Portugal uma oportunidade que não se voltará a repetir tão cedo”, avisou.

Para Santana Lopes, o outro desafio de Portugal é a descentralização. “Nos tempos que vivemos o principal defeito que o país tem é o do esquecimento dos territórios que estão longe dos grandes centros urbanos”.

No pequeno município com cerca de três mil habitantes, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa afirmou não estar em campanha eleitoral e recusou-se mesmo falar sobre o assunto. Manifestou, no entanto, satisfação por ter entre os convidados alguns actuais e antigos autarcas, entre eles o ex-presidente da Câmara do Fundão.

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