Os Dead Combo vão montar o circo no Coliseu dos Recreios

A banda de Tó Trips e Pedro Gonçalves actua esta quinta-feira na sala lisboeta, num concerto inspirado nos circos de início do século XX

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Dead Combo
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Vimo-los em Março no Coliseu dos Recreios. Não na plateia, mas nos bastidores. Neles se instalaram as cadeiras para o público que viu os Dead Combo apresentar A Bunch Of Meninos de costas voltadas para as bancadas. Esta quinta-feira regressam ao Coliseu. Trazem na manga os temas de A Bunch of Meninos, os dos discos anteriores e muitos convidados. Desta vez, o público não os verá nos bastidores. O que não quer dizer que os Dead Combo se instalem onde é suposto.

O circo chega ao Coliseu. Um circo especial. O dos Dead Combo. A banda no centro da plateia, qual arena rodeada pelo público. E, em vez do altar pouco sagrado que lhes serviu de cenografia recentemente, os Dead Combo transformar-se-ão em personagens principais de um espectáculo inspirado nas trupes circenses de início do século XX. Mais uma fantasia preparada por Tó Trips e Pedro Gonçalves para nosso prazer. “Houve esta hipótese dado que o Circo [de Natal Coliseu Lisboa] já estava a ser montado e agradou-nos à brava a ideia de não estarmos a tocar num palco”, explica o contrabaixista. “Embora o Coliseu não seja a sala mais intimista do mundo, queríamos torná-la o mais intimista possível”. O concerto tem início às 21h30 e os bilhetes custam entre 20 e 25€. Dia 12 de Dezembro, o duo apresentar-se-á no Rivoli, no Porto, num concerto já esgotado.

A Bunch of Meninos não foi um corte no percurso da banda. Foi um regresso, cru como nunca, “às várias essências que compõem esta música vagabunda”, como escrevemos na crítica ao quinto disco do duo. A identidade está definida: os Dead Combo são aquilo que nasce quando Tó Trips e Pedro Gonçalves se encontram. E, nessa identidade, a ideia de fantasia, de um imaginário emanando da música, é preponderante, quer falemos da Lisboa Mulata que deu título a um disco, quer falemos dos homens do jazz à porrada com marinheiros no Cais do Sodré (que originou um tema) ou da mulher atrás de um balcão na Bica (que resultou noutro).

O circo imaginário, extraído da iconografia de início do século XX, faz todo o sentido neles. “Acho que tem a ver com a malta”, concorda Pedro Gonçalves. “Há uns dois anos tínhamos imaginado um espectáculo [nunca concretizado] que seria uma espécie de teatro. Um espectáculo de rua em que estaríamos a tocar num camião convertido em carroça. Seria mesmo um circo ambulante”.

O concerto terá mestre-de-cerimónias (o actor David Almeida) e vários convidados. Além da bateria, teclados e metais da Orquestra das Caveiras (Alexandre Frazão, Ana Araújo, Jorge Ribeiro, João Marques e João Cabrita), subirão a palco Carlos Tony Gomes (violoncelo), Bruno Silva (viola de arco), Denys Stetsenko (violino) e a soprano Ana Quintans.

Depois dos concertos do Coliseu e do Rivoli, será tempo de avançar no novo ano. Chegar ao Coliseu “é mais um passo” na carreira da banda e, diz Pedro Gonçalves, “a malta já tem uma série de coisas planeadas para o futuro”. Anuncia-se um ano preenchido.

No início de 2015, a banda cumprirá uma digressão de duas semanas pelos Estados Unidos e Canadá, seguindo depois para a Rússia e daí para França. Entretanto estreará a 27 de Fevereiro Focus, filme protagonizado por Will Smith e realizado por Glenn Ficarra e John Requa, que terá duas canções dos Dead Combo, Lisboa Mulata e Rumbero, na banda-sonora.

Pedro Gonçalves sabe que será um “filme de acção tipicamente hollywoodesco”. Após o contacto inicial, via Facebook, da produtora do mesmo, a Warner Brothers, os Dead Combo já tiveram oportunidade de ler o excerto de guião correspondente às cenas em que a sua música entrará – “mas é muito genérico, não é possível perceber bem o que dali sairá”, diz Pedro Gonçalves. Tem duas certezas. Que era uma proposta irrecusável e que, à partida, não seria o tipo de filme de que se lembraria para musicar com temas do Dead Combo.

Quanto ao circo que montaram no Coliseu, bem, aí é certo que se sentirão em casa.

 

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