Pedro Burmester vai voltar a residir na Casa da Música

No ano em que a Alemanha vai ser o país-tema, Burmester vai interpretar a integral dos cinco concertos para piano e orquestra de Beethoven.

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Pedro Burmester vai interpretar a integral dos cinco concertos para piano e orquestra de Beethoven Pedro Lobo/Casa da Música
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Helmut Lachenmann vai ser o compositor em residência no ano em que passa o 80º aniversário do seu nascimento Klaus_Rudolph
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Pedro Burmester na Casa da Música Fernando Veludo / nfactos

Em 2015, a Casa da Música vai estar rodeada pela Avenida Bach (Bach Allee, anterior Avenida da Boavista) e pela Rua Wagner (WagnerStrasse, ex-Rua 5 de Outubro), tendo em frente a Praça da Alemanha (Deutschland Platz, aka Rotunda da Boavista). Ou seja, a Alemanha vai ser o país-tema da programação da instituição, que também se verá circundada pelos nomes de Beethoven, Strauss, Stockhausen, Schütz e Lachenmann.

Helmut Lachenmann (n. Estugarda, 1935) será, de resto, no ano em que passa o seu 80º aniversário, o compositor em residência. E de origem alemã é também Pedro Burmester, que será o artista em residência com a empresa de interpretar, ao longo do ano, a integral dos cinco concertos para piano e orquestra de Beethoven.

O desafio ao pianista foi feito pelo director artístico da Casa, António Jorge Pacheco. “Não só por ter origem alemã, não só por irmos assinalar o 10º aniversário da instituição que ele inventou, mas principalmente porque se trata de um grande pianista e um grande intérprete de Beethoven”, justifica.

Burmester vai subir ao palco da Sala Suggia, com a Orquestra Sinfónica do Porto, nos dias 16 de Janeiro, 7 de Março, 22 de Maio, 24 de Outubro e 12 de Dezembro.

Em paralelo com o convite a Burmester, Pacheco diz que também a escolha da Alemanha como país-tema tem a sua “carga simbólica”, já que se trata do país que mais imediatamente associamos à música, do mesmo modo que associamos a Itália à ópera e a França à literatura. “A Alemanha é uma potência da música, que, mais do que qualquer outra manifestação do espírito, foi, desde que se vislumbra uma ideia de germanismo, o denominador comum que formou o magma da identidade nacional”, escreve o director artístico no catálogo com a programação para 2015, que este sábado será apresentado numa sessão pública na Sala 2 da Casa, ao final da tarde.

Já a escolha de Helmut Lachenmann manifesta o reconhecimento, e a oportunidade de melhor divulgação entre nós daquele que, segundo Pacheco, é “o mais relevante compositor alemão da actualidade”. É também o retomar de uma relação que a Casa da Música iniciou com o compositor em 2007, quando este realizou uma residência artística de uma semana no Porto. Já neste mês de Dezembro, Lachenmann voltará para dirigir um workshop com a Orquestra do Porto, a quem "vai explicar a específica gramática musical da sua obra”, explica Pacheco.

O compositor vai ser a figura retratada no fim-de-semana inaugural Uma História da Alemanha (16 a 18 de Janeiro), em que ele próprio será o narrador de duas obra suas, ...Zwei Gefühle..., Musik mit Leonardo e Mouvement (- vor der Erstarrung). Von Weber, Beethoven, Wagner, Bach, Buxtehude, Rihm e Brahms são outros compositores a compor este primeiro retrato do património musical alemão.

Esse fim-de-semana marca também o início do mandato do suíço Baldur Brönnimann como novo maestro titular da Orquestra Sinfónica do Porto, numa parceria, como maestro principal convidado, com o austríaco Leopold Hager. No restante elenco artístico para o próximo ano, a Casa da Música terá como artista em associação o cravista Andreas Staier (n. Alemanha, 1955), e como jovem compositor residente o português Nuno Rocha (n. 1986).

Aposta nas estruturas residentes

Um olhar sobre o conjunto da programação para 2015 permite entender que ela assenta de novo principalmente sobre o trabalho das estruturas residentes da Casa da Música, a estratégia que a instituição tinha já definido, para o corrente ano, para fazer frente à diminuição da dotação do Estado, que, avança António Jorge Pacheco, “se deverá manter nos sete milhões de euros” (com a repetição do corte de 30% sobre o convencionado com o Governo aquando da constituição da Fundação Casa da Música).

Esta limitação não impediu o investimento na criação de novos ciclos e programas. Depois do Futurismos, em 2013 (Ano Itália), e de A Leste Tudo de Novo, este ano (Oriente), o director artístico vai apostar no ciclo Transgressões (12 de Setembro a 9 de Outubro), que terá o seu momento alto na antestreia mundial de uma nova produção operática com o Remix, Giordano Bruno, com música de Francesco Filidei, numa coprodução com instituições da rede Varèse.

Em paralelo com os dez anos da inauguração da Casa, também o Remix Ensemble e a Orquestra Sinfónica do Porto vão assinalar, em 2015, o seu 15º aniversário – a última relativa à transformação em formação sinfónica.

No resto, a Casa da Música vai manter os seus ciclos e festivais habituais: o Piano, com o inevitável regresso de Grigori Sokolov (24 de Março) e a estreia de Christian Zacharias (28 de Novembro), mas também com as presenças de Benjamin Grosvenor (8 de Fevereiro), Ingolf Wunder (18 de Abril), Arcadi Volodos (24 de Maio), ou o regresso das irmãs Katia e Marielle Labèque (9 de Outubro), que vêm interpretar, a quatro mãos, A Sagração da Primavera, de Stravinski.

O ciclo Música & Revolução (24 a 30 de Abril) será dedicado às Músicas proibidas no tempo do nazismo, por exemplo, o reportório criado pela dupla Bertolt Brecht/Kurt Weil, interpretada por Ute Lemper.

O saxofonista Anthony Braxton e o seu Diamond Curtain Wall Quartet será outro convidado neste ciclo fazendo a ligação com o jazz, uma área que vai também contar, ao longo do ano, com nomes como o trio de Brad Mehldau  (22 de Janeiro), o octeto de Steve Lehman (1 de Fevereiro) ou o quarteto de Al Di Meola (4 de Março).

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