Drones perto de aeroportos originam mais alertas de "potenciais acidentes"

Relatório da autoridade de aviação norte-americana (FAA) dá conta de 175 queixas nos últimos seis meses, 25 das quais com passagens muito próximas por veículos aéreos não tripulados.

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Os casos relatados aconteceram durante a aterragem ou descolagem Russell Boyce/Reuters

O uso cada vez mais frequente de pequenos veículos aéreos não tripulados perto de aeroportos está a preocupar as autoridades de aviação civil nos Estados Unidos. Num relatório publicado na quarta-feira, a FAA norte-americana dá conta de 25 casos nos últimos seis meses, em que pilotos de vários tipos de aviões e helicópteros, desde um pequeno Cessna 172 a um Boeing 747 que fazia a ligação entre Londres e Nova Iorque, reportaram "potenciais acidentes" com aqueles aparelhos.

O número de casos relatados disparou nos últimos meses, mas não é claro se isso aconteceu devido a uma maior atenção dos pilotos, a uma melhoria da cadeia de informação, ou a um aumento real da quantidade de pequenos veículos aéreos não tripulados (também conhecidos como drones) nas imediações de aeroportos.

Até Junho, a FAA tinha divulgado apenas um caso – o de um Bombardier CRJ-200 ao serviço da American Airlines que se preparava para aterrar no Aeroporto Regional de Tallahassee, na Florida, no dia 22 de Março.

"O piloto disse que o UAV [veículo aéreo não tripulado, na sigla em inglês] estava tão perto do seu avião que tinha a certeza de que se tinha registado uma colisão", disse à agência Reuters o responsável pelo departamento de veículos aéreos não tripulados da FAA, Jim Williams.

O Bombardier da American Airlines não chegou a sofrer danos, mas Williams deixou um aviso: "O risco de pequenos veículos aéreos não tripulados serem sugados por um avião comercial de passageiros é bem real. As consequências podem ser catastróficas."

O documento divulgado agora pela FAA dá conta de 175 casos desde Junho, 25 dos quais descritos como "potenciais acidentes" com pequenos aparelhos que podem ser comprados por algumas centenas de euros e que são geralmente utilizados para fins recreativos, muitos deles com câmaras de filmar.

Num deles, o piloto de um Boeing 737 da Delta Airlines, que partira de San Diego, na Califórnia, disse ter visto um pequeno drone a apenas três metros da asa esquerda, quando se preparava para aterrar no aeroporto internacional John F. Kennedy, em Nova Iorque. No mesmo dia, o piloto de um Boeing 747 da Virgin Atlantic, que partira de Londres, no Reino Unido, também deu conta da aproximação de um pequeno aparelho (um drone ou um balão com luzes anticolisão brancas – o relatório deixa as duas hipóteses em aberto) quando chegava ao mesmo aeroporto.

A maioria dos casos aconteceu em Nova Iorque e Washington D.C., os mais sensíveis dos quais no aeroporto nova-iorquino de LaGuardia.

No dia 30 de Setembro, um avião da Republic Airlines (o relatório não faz referência ao modelo, mas a frota da companhia aérea norte-americana inclui apenas modelos Embraer e Bombardier) foi "quase atingido" por um "drone vermelho, preto e amarelo" a 1200 metros de altitude (4000 pés), durante a aproximação à pista.

Numa pesquisa rápida no YouTube é possível encontrar vários vídeos com pequenos aparelhos a voarem a altitudes semelhantes; em alguns casos, outros utilizadores criticam o comportamento dos autores desses vídeos.

Três semanas antes, no dia 8 de Setembro, os pilotos de três companhias regionais norte-americanas relataram passagens "muito próximas" de drones, com poucos minutos de intervalo, a cerca de 600 metros de altitude.

De acordo com as recomendações da FAA, os operadores de pequenos veículos aéreos não tripulados com fins recreativos devem manter os seus aparelhos a menos de 121 metros de altitude, e a pelo menos oito quilómetros de aeroportos. As empresas ou indivíduos que queiram usar drones para fins comerciais (para filmar eventos, por exemplo) têm a vida mais complicada, já que precisam de licenças especiais.

Para tentar regulamentar o uso destes aparelhos nos céus dos Estados Unidos, a FAA foi incumbida de apresentar até 2015 uma série de regras para serem aplicadas a todos, mas muitos temem que a solução chegue tarde de mais.

"O potencial para danos catastróficos existe", disse ao The Washington Post um major-general da Força Aérea dos EUA na reforma, Fred Roggero, que aconselha empresas que querem usar drones com fins comerciais.

O problema é que a legislação não está a conseguir acompanhar a proliferação de drones usados para fins recreativos ou comerciais (com ou sem autorização) – segundo as estimativas avançadas pelo The Washington Post, nos últimos três anos foram vendidos pelo menos 500.000 pequenos drones nos Estados Unidos. E apenas "uma mão-cheia de drones sem autorização foram apreendidos, ou os seus proprietários penalizados, em todos o país".

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