Hotéis, hospitais e feiras — a Legionella no mundo

A bactéria Legionella já apareceu em vários países, em diferentes continentes. Em Espanha há surtos recentes.

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França, Itália, Espanha, Alemanha, Holanda e Reino Unido foram os países com mais casos na Europa, em 2012 Reuters

Desde 1976 que aquela que ficou conhecida como a Doença do Legionário faz vítimas. Tem sido identificada nos Estados Unidos, Austrália, África e Europa, sob a forma de casos esporádicos ou de surtos epidémicos. Em Espanha, por exemplo, funcionários de um hotel, entre os quais o seu director, respondem por homicídio por negligência. O caso está a ser julgado, mas remonta a 2009 quando um surto provocou a morte de quatro pessoas. As autoridades de saúde locais detectaram que o foco da infecção estava nas torres de refrigeração do hotel Tryp Macarena, em Sevilha, conta o jornal digital ABC de Sevilha.

A acusação entende que houve negligência na manutenção das mesmas. O julgamento acontece numa altura em que são notícia no país outros casos — desde o início do mês foram reportados pelo menos dez infecções por Legionella na cidade de Alcoi. Em Outubro, as autoridades de saúde contabilizavam dez mortes em Sabadell e Ripollet (Catalunha).

Em Ripollet, e segundo o jornal El Mundo, a origem da infecção foi encontrada: um camião municipal de limpeza que utilizava um sistema de água sob pressão.

Aquela que é considerada a primeira manifestação da bactéria teve como palco um hotel, mas em Filadélfia, Estados Unidos, em 1976. As vítimas participavam na Convenção da Legião Americana que juntava cerca de 10 mil veteranos de guerra. Morreram 34 pessoas (um total de 221 casos). Mais tarde, acabaria por se chegar à conclusão de que o sistema de refrigeração central do hotel onde decorria a convenção fora o responsável pela propagação.

Mais recentemente, em 1999, Bovenkarspel, na Holanda, entrou na história da doença. Foi, depois de 1976, o surto com mais óbitos. Segundo o Eurosurveillance, do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, foram registados 181 casos e 21 mortes (a imprensa generalista fala frequentemente de mais de 30 mortes). Todas as vítimas visitaram uma exposição de flores que, em nove dias, recebeu cerca de 80 mil visitantes. A bactéria foi encontrada em duas banheiras de hidromassagem que estavam em exposição e num aspersor.

Meses depois foram identificados, na Bélgica, 93 casos, num surto associado a uma feira comercial em Kapellen. Morreram cinco pessoas. A bactéria foi detectada em vários locais, incluindo uma fonte.

Em 2012, último ano para o qual há dados compilados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, foram reportados pelos membros da União Europeia (mais Islândia e Noruega) 5852 casos e 419 mortes.

Seis países (França, Itália, Espanha, Alemanha, Holanda e Reino Unido) contabilizam, no seu conjunto, 84% dos casos. A Itália, com 1332 (70 mortes) e a França, com 1298 (130 mortes), foram os países com mais registos na Europa.

Em Outubro do ano passado, em Florence, Alabama, Estados Unidos, a bactéria foi encontrada nas torres de refrigeração de um centro comercial. Houve várias infecções e morreu uma pessoa. Também no ano passado, mais de 160 casos foram notificados em Warstein, Alemanha. Duas pessoas morreram. A bactéria foi encontrada nas águas residuais de uma cervejeira, noticiou na altura o Financial Times.

Já este ano, ainda no Alabama, dois doentes na unidade de hematologia /oncologia de um hospital morreram por infecção Legionella. A bactéria estava no sistema de água.

No último Verão vários outros surtos foram notícia nos Estados Unidos nomeadamente no condado de Wilson, Carolina do Norte, onde uma pessoa morreu e mais de dez foram infectadas. Houve casos num centro médico e num lar de idosos.

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