FARMA|inove coloca estagiários de Farmácia em contacto com utentes idosos

Um dos estudos da associação FARMA|inove foi distinguido pela Fundação Calouste Gulbenkian. Para além de avaliar o impacto da polimedicação nos doentes idosos da região Norte, o estudo pretende colocar estudantes estagiários da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto em contacto com os utentes

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Josué Goge/FLICKR

Há três anos Bruno Macedo teve a ideia de criar a Associação para o Empreendedorismo e Inovação da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto – a FARMA

inove. Falou com mais colegas do curso e a ideia amadureceu e concretizou-se.

Em 2011, Bruno era ainda estudante de Farmácia. Hoje já é farmacêutico e CEO da FARMA

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inove, a associação que fundou, enquanto era ainda estudante. “Eu tive várias experiências a nível académico, em associações de estudantes e outras estruturas. E achei que havia um espaço que não estava a ser coberto e que poderíamos criar uma estrutura com estudantes (e atuais profissionais), que pudesse trabalhar com a faculdade e com o sector empresarial e social e criar aqui pontes de ligação”, contou Bruno Macedo ao P3.

A missão da

FARMA

inove é precisamente criar pontes entre os sectores académico, empresarial e social, nas vertentes das Indústrias Farmacêutica, Alimentar, Química e Biológica. Este projecto começou apenas com estudantes, mas actualmente é constituído também por alumni (antigos estudantes) da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.

“Inovadora” é assim que Bruno Macedo caracteriza esta associação. “A FARMA

inove é um projecto pouco comum, diria que não existe um projecto equivalente: temos a parte da responsabilidade social, fazemos também uma ligação da própria faculdade ao sector empresarial, na prestação de serviços e temos os nossos próprios projectos de investigação e desenvolvimento”, explica.

Daí o nome escolhido para a associação. FARMA

inove resulta da combinação de duas palavras: “Farma”, que provém da palavra farmácia ou farmacêutico, e “inove”, por causa da sua principal característica - inovação. A barra entre as duas palavras simbolização a ponte que se pretende estabelecer entre o sector farmacêutico e a inovação.

Passados três anos, foi o carácter inovador que valeu à

inove - Porto - Saúde/Medicina/Farmácia" href="https://www.facebook.com/farmainove" target="_blank">FARMA

inove uma distinção. “Prevalência e Caracterização de Doentes Idosos Polimedicados da Zona Norte de Portugal” é o nome de um dos estudos da associação escolhido para integrar o “Programa Inovar em saúde” da Fundação Calouste Gulbenkian. O estudo faz parte do projecto “Prevenir é o melhor remédio” da FARMA

inove e centra-se no uso do medicamento enquanto preocupação de Saúde Pública, promovendo o seu uso racional. A distinção da Fundação Calouste Gulbenkian vai permitir acelerar a concretização deste estudo.

Com este estudo pretende-se avaliar, na região Norte, o perfil de uma amostra da população idosa, no que respeita à polimedicação, e, numa fase posterior, a intervenção farmacêutica. A polimedicação consiste no consumo de vários medicamentos diferentes em simultâneo, durante um determinado período de tempo.

“Neste projecto inovamos na forma de qualificação dos futuros farmacêuticos e inovamos nos processos para promoção da Saúde enquanto bem público e global”, conta Bruno. Mas de que forma o estudo é inovador?

O estudo será colocado em prática pelos estudantes estagiários do último ano de Farmácia, que poderão contactar com os utentes e, assim, adquirir maior experiência. “O conhecimento que temos é de que nunca foi feito um estudo em que se aproveitasse os próprios estudantes estagiários. A nossa ideia é que o estágio seja útil para o estagiário criar uma consciencialização de prevenção, porque vai servir-lhe para o resto da vida e da sua atuação”, explica Bruno Macedo. Por outro lado, este é um estudo que, até ao momento, não foi implementado na região Norte.

A inovação deste estudo passa também pela promoção da Saúde enquanto bem público e global. “O farmacêutico é um profissional de saúde que tem o contacto, talvez o mais directo, com o utente. O utente, muitas das vezes, antes de recorrer às urgências ou ao hospital, consulta o farmacêutico. Ainda mais quando estamos a falar de população idosa que já conhece os seus farmacêuticos, esta relação é privilegiada e achamos que deve partir logo daqui um comportamento que pode ser melhorado e começamos desde tenra idade a dotar o farmacêutico dessa consciencialização”, esclarece Bruno Macedo.

Desta forma, o estudo permite ao farmacêutico adquirir logo durante a formação académica hábitos de comunicação e formas de lidar com o cidadão, bem como estudar a população idosa, um sector cada vez mais significativo em Portugal.

O estudo será realizado em três fases. Inicialmente passará por caracterizar a população idosa da região Norte e fazer o respectivo diagnóstico. Depois será feito o tratamento estatístico para perceber a dimensão do problema e serão definidas estratégias de intervenção. Por fim, passar-se-á à intervenção e terá lugar a implementação dessas estratégias.

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