Aqui há de tudo porque é uma farmácia

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O que nasceu primeiro: o ovo ou a galinha? E num edifício? O exterior ou o interior? No caso da Farmácia Lordelo, localizada em Vila Real, tudo começou dentro de portas. Tal como o cliente, o arquitecto José Carlos Cruz sabia o que não queria: "Ao visitar outros espaços [farmácias], achei-os, do ponto de vista da organização, confusos. Quis tornar tudo muito simples e claro, até porque já existe uma profusão de informação nos medicamentos." Idealizou uma loja de 150 m2, em que, a partir da porta de correr, o cliente tem uma "leitura global" e "rápida" do espaço. Esta neutralidade estende-se ao piso de cima, onde se situa um laboratório, pináculo do edifício de 500m2. No exterior do volume oval, voltou-se para  "revestimento abstracto". De dia, a referência à farmácia é muito "ténue". "O edifício fica mais próximo da imagem que tem no interior", descreve o arquitecto de 55 anos. Mal se vê a gigantesca cruz, símbolo que à noite fica verde, muito verde, num curioso contraste com a alvura que acolhe os medicamentos lá dentro. A cruz no poste foi uma "coincidência", reminiscência de uma escultura que viu em Londres, talvez a concretização de um risco: uma espécie de "instalação". Vê-se bem, muito bem, ainda mais à noite — convém dizer que a farmácia está aberta 24 horas. Amanda Ribeiro