Sindicato prepara novos protestos à porta do Pingo Doce

Cesp fala em “atropelos e ameaças” aos direitos dos trabalhadores. Empresa refuta acusações.

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Pingo Doce diz que pratica ordenados acima do salário mínimo Foto: Ricardo Silva

Depois de, nesta quinta-feira, ter reunido cerca de duas dezenas de trabalhadores à porta do Pingo Doce na Prelada, Porto, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços de Portugal (Cesp) está a preparar novas concentrações em frente aos supermercados do grupo Jerónimo Martins, desta vez, em Lisboa e Gaia.

Em causa estão alterações introduzidas nos horários de trabalho e “os numerosos processos disciplinares” que têm vindo a ser levantados. O Cesp fala em “clima de intimidação”, mas a empresa já veio negar “veementemente” as acusações.

Em declarações à agência Lusa, Maria Natália, dirigente do CESP, diz que se até recentemente os horários dos trabalhadores, embora rotativos, eram determinados “em função da hora de abertura e fecho das lojas”, desde há algum tempo que os funcionários são convocados para trabalhar “a partir das cinco ou seis horas da manhã, das três da tarde à meia-noite ou mesmo durante a noite, mesmo não tendo transportes” para chegar ao local de trabalho.

A dirigente garante que estas situações não estão a ser pagas enquanto horário nocturno. “Quem aceitou o banco de horas é pago dessa forma”, embora este não tenha ainda sido “pago a ninguém”, disse. O Cesp critica ainda as “repreensões escritas e os processos disciplinares” que têm vindo a ser formalizados, nomeadamente por falhas na caixa, quando aos trabalhadores que ali exercem funções “nem sequer é pago abono de falhas”, como acontece noutras cadeias.

“Quando falta dinheiro na caixa, nem que sejam 50 cêntimos, põem um processo disciplinar ao trabalhador”, afirmou, salientando que o Pingo Doce é “a empresa que, no sindicato, mais processos disciplinares [abertos] tem”. Recordando que a administração do Pingo Doce “prometeu” aos trabalhadores um prémio de 250 euros no final do ano, a dirigente sindical alerta que, “a quem tem processos disciplinares, este prémio não é atribuído”.

Contactada pelo PÚBLICO, fonte oficial do Pingo Doce refuta “veementes as acusações de pressão e intimidação sobre os seus colaboradores” e garante que têm sido dados aumentos aos trabalhadores das lojas e centros de distribuição. O salário praticado é “acima do salário mínimo nacional”. “Para além disso, todos os colaboradores de loja do Pingo Doce estão abrangidos por um sistema de remuneração variável que se concretiza na possibilidade de acrescentar mensalmente ao seu vencimento um bónus resultante do atingimento dos objectivos definidos por loja”, esclarece.

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