Moreira diz que não se revê nas críticas do novo director do Rivoli à anterior gestão

Proposta para que fosse feita uma auditoria à gestão do Teatro Municipal durante os mandatos de Rui Rio foi chumbada.

Foto
Tiago Guedes disse que, com o novo Rivoli, o Porto "vai passar do oito ao oitenta" Pedro Granadeiro/NFactos

O executivo da Câmara do Porto chumbou, na manhã desta terça-feira, a recomendação da CDU para que fosse feita uma auditoria à gestão do Teatro Municipal Rivoli “após a extinção da Culturporto”. O presidente da autarquia, Rui Moreira, disse que não se revia nas críticas feitas pelo novo director de programação do teatro, Tiago Guedes, em entrevista ao PÚBLICO e que serviram de base à proposta comunista.

“Não me revi nas declarações [de Tiago Guedes]. Acho que se devia ter escusado em relação ao passado”, disse Rui Moreira, garantindo, aos jornalistas, no final da reunião, que já tinha dado conta desta sua posição ao próprio director do Rivoli. O autarca diz que o actual executivo “convive confortavelmente com o que se passou, com a questão da gestão do Rivoli”, pelo que não fazia sentido “tentar voltar atrás e pôr-se agora a discordar do que foi feito”.

Uma posição partilhada pelo vereador socialista Manuel Pizarro que afirmou que a câmara não estava disponível para fazer “uma caça às bruxas”, que “sabe exactamente o que se passou com o Rivoli” e que, agora, era preciso “caminhar para o futuro”.

A proposta de recomendação da CDU teve apenas o voto favorável do vereador comunista, Pedro Carvalho, e foi criticada também pelo PSD, que a descreveu como “uma acção que não faz qualquer sentido”. Amorim Pereira classificou as declarações de Tiago Guedes como “um episódio triste, [por] o director do Rivoli ter perdido uma oportunidade para estar calado”, e em vez disso “ter feito declarações do ponto de vista político que não lhe competiam fazer”.

Já Pedro Carvalho insistiu na necessidade de auditar o que se passou no Rivoli, garantindo que não estava a tentar ajustar qualquer conta com o passado. “Nunca foi prestada uma informação cabal sobre o real custo do Rivoli [durante os mandatos de Rui Rio] e isto tem de ser apurado. Não é só avaliar as opções do passado, é saber os custos que terá para o futuro”, disse.

Na entrevista publicada a 10 de Agosto, Tiago Guedes afirmava ao PÚBLICO: “[…] Em relação ao Rivoli, o que se sente é que este teatro não tem sido bem cuidado. Não por falta de esforço e de zelo da equipa, mas por ele ter efectivamente sido deixado em muito mau estado pelo Filipe La Féria. Houve manutenções do equipamento que não foram feitas e mudanças estruturais que vão requerer obras de monta no final deste ano – para adaptar a sala às especificidades dos espectáculos de revista, foi montado um palco em cima do palco que o eleva em 30 centímetros e acrescentou-se uma plataforma elevatória que continua lá... É preciso remover isso e requalificar o que está por baixo. Até lá, vamos ter de abdicar das primeiras três filas, que com a subida do palco deixaram de ter visibilidade.” O novo responsável pelo teatro municipal dizia ainda, sobre eventuais entraves financeiros à recuperação do espaço: “O ideal era entregar a factura ao Filipe La Féria e pôr-lhe o material que ele deixou no Rivoli à porta do Politeama. Mas isso não vai ser possível porque foi tudo feito com consentimento político.”

As declarações de Tiago Guedes provocaram, na altura, uma reacção do líder distrital do CDS-Porto e ex-vereador de Rui Rio, Álvaro Castello-Branco, que acusou o novo responsável pelo teatro municipal de “arrogância” e “ignorância”.

Sugerir correcção
Comentar