Hotelaria cresce 12% depois de ano recorde para o turismo

Hotéis receberam mais de sete milhões de hóspedes no primeiro semestre, uma subida de 12% face a 2013. Portugueses estão a ajudar aos bons resultados do sector.

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Hotéis em Lisboa reduziram preços José Fernandes

Depois de um ano recorde para o sector do turismo, os primeiros seis meses de 2014 parecem confirmar que o bom desempenho de 2013 não foi sol de pouca dura. Os hotéis nacionais receberam mais de sete milhões de turistas entre Janeiro e Junho (1,6 milhões só neste último mês), mais 12% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Depois de um mês de Maio forte, ajudado pela final da Liga dos Campeões e pelo Rock in Rio (eventos que decorreram em Lisboa), em Junho as dormidas aumentaram 8,6%, abaixo do crescimento de 12,8% registados no mês anterior. Ainda assim, e ao contrário do que sucedeu o ano passado, os turistas portugueses estão a dar um contributo importante para estes resultados.

No primeiro semestre, as dormidas de turistas nacionais na hotelaria aumentaram 11,9% quando, no mesmo período de 2013, tinham caído 2,1%. No acumulado do ano que passou, as dormidas aumentaram 5,5% graças aos estrangeiros (as dos portugueses reduziram 0,9%), o que chegou a espoletar alguns receios por parte da troika quanto à sustentabilidade dos números. Na décima avaliação do programa de assistência, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertava para o facto de o crescimento das exportações em 2013 (o turismo representou 13,6% do total de vendas de bens e serviços para o exterior) poder não ser sustentável, já que está sujeito a “choques na procura”, dizia o FMI.

O que se verifica nos primeiros seis meses do ano é um aumento de turistas nacionais, muito semelhante ao dos estrangeiros (+11,2%). Ainda assim, em termos absolutos, os não residentes que se alojaram nos hotéis portugueses são o triplo dos residentes, ultrapassando os 15 milhões.

O Reino Unido é o principal mercado emissor e, em Junho, 27,4% dos visitantes estrangeiros vieram deste país (+10,2% em comparação com o mesmo mês de 2013). Na mesma altura, refere o INE, também cresceram de forma “assinalável” as dormidas de alemães e espanhóis: 21,9% e 23,5%, respectivamente. Os turistas franceses aumentaram 9,7% e os belgas 24,5%. Contudo, os brasileiros e os norte-americanos visitaram menos o país em Junho (-14,6% e 6,9%, respectivamente), ao contrário do que se passou em Maio.

Já entre Janeiro e Junho, o destaque vai para o mercado espanhol, com aumentos de 22,5% nas dormidas.

Redução de preços em Lisboa
Todas as regiões do país conseguiram captar mais visitantes, mas foi no Algarve e em Lisboa que os hotéis mais encheram no mês de Junho. Em termos globais, os turistas procuraram mais os hotéis de qualidade superior.

Os proveitos totais da hotelaria cifraram-se nos 222,5 milhões de euros, mais 8% em comparação com Junho de 2013. Contudo, o INE sublinha que “na região de Lisboa os proveitos registaram um aumento reduzido face a um crescimento de 11,4% nas dormidas, indiciando uma prática de redução de preços, a que não será alheia a expansão da oferta”.

Este cenário preocupa a Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) para quem este crescimento nas dormidas deixa algum "amargo de boca" já que, no caso de Lisboa, não tem consequência nas receitas. "O que nos preocupa é que ao mesmo tempo que há este crescimento de 11,4% em Lisboa, que registou uma taxa de ocupação de 59,5%, o rendimento médio por quarto disponível (revpar) caiu. E isto é muito sério. Significa que o crescimento dos proveitos não é sustentável", diz Cristina Siza Vieira, directora-geral da AHP.

O aumento da oferta apontado pelo INE é uma "nota séria ao alojamento local registado", que fez aumentar "brutalmente a capacidade"  e ajudou a contribuir para o posicionamento de Lisboa como um destino low-cost, alerta a responsável. A pressão sobre o preço é cada vez maior, acrescenta.

<_o3a_p>Em termos globais, no primeiro semestre, os proveitos chegaram aos 894,4 milhões de euros, uma subida de 12,1%. O rendimento médio por quarto disponível cresceu 8,8% para 26,9 euros.

Comentando os dados, divulgados nesta quinta-feira, Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo, diz que “confirmam que o turismo é o grande campeão da economia portuguesa".

Outros indicadores recentes sobre as expectativas dos empresários do sector dão conta de algum optimismo. Para 75% dos inquiridos do Barómetro Academia do Turismo, do IPDT, Instituto de Turismo, haverá mais visitantes em Portugal no decorrer do ano. Mais de 73% dizem que os hotéis irão aumentar o número de dormidas e 69,6% indicam que as receitas deverão melhorar face ao ano passado.

 

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