Barco vietnamita afunda-se após colisão com navio chinês

Hanói diz que a embarcação foi abalroada perto da zona disputada onde Pequim iniciou a construção de uma plataforma petrolífera.

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Há semanas que embarcações vietnamitas e chinesas se provocam com regularidade nesta zona Hoang Dinh Nam/AFP

O Vietname acusa a China de ter afundado um barco numa zona do mar da China Meridional disputada entre Hanói e Pequim. Segundo Hanói, o barco de pesca vietnamita afundou-se esta terça-feira de manhã depois de ter sido abalroado por um navio chinês.

A China reivindica de forma cada mais vez activa áreas em disputa com vários países e as tensões com o Vietname subiram depois de o Governo chinês ter iniciado a construção de uma plataforma petrolífera e enviado vários navios para águas disputadas com o Vietname – protestos em várias cidades vietnamitas resvalaram para motins e confrontos, com fábricas chinesas destruídas, quatro mortos e Pequim a retirar do Vietname milhares de cidadãos.

Apesar do aumento da presença de navios dos dois países, incluindo muitos das respectivas guardas costeiras, em redor plataforma instalada junto às ilhas Paracel, ainda nenhuma embarcação tinha sido afundada. Segundo Hanói, 40 barcos de pesca chineses cercaram a embarcação vietnamita até que um deles a abalroou. Outros barcos de pesca que estavam por perto resgataram os dez pescadores a bordo dobarco abalroado.

A agência de notícias oficial chinesa diz que a embarcação se afundou depois de ter “assediado e colidido com” um barco de pesca chinês. Pequim acusou o Vietname de “acções perigosas no mar” e apelou a Hanói para pôr fim imediato a todas as actividades provocadoras e prejudiciais.

A semana passada, um vietnamita imolou-se em protesto contra esta plataforma que, segundo Hanói, “ameaça seriamente a paz entre os dois vizinhos”.

O Vietname, com uma longa história de ocupação e resistência aos grandes poderes mundiais, tem um passado complexo com os chineses, que já foram aliados e agressores. Em 1979, os dois vizinhos comunistas quebraram laços pela última vez, numa curta mas sangrenta guerra fronteiriça.

Para além dos arquipélagos Paracel, Pequim e Hanói disputam ainda as ilhas Spratly: para lá da importância que têm para as vias marítimas internacionais, acredita-se que no fundo das águas junto a umas e outras ilhas existem grandes quantidades de petróleo.

Há semanas que embarcações vietnamitas e chinesas se provocam com regularidade nesta zona, acusando-se sempre mutuamente de estarem na origem de cada um dos incidentes.

Confrontado igualmente com reivindicações de soberania marítima por parte da China, o Japão reagiu com preocupação ao incidente desta terça-feira. “Se estas informações forem verdadeiras, trata-se de um acto extremamente perigoso”, fez saber o Governo nipónico.

Para além do Vietname e do Japão, a China tem dado passos no sentido de ocupar outras zonas marítimas em disputa com as Filipinas, o Brunei e Taiwan.

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