Porto descobre as memórias da I Guerra Mundial que ficaram na cidade

Filmes, documentários, visitas culturais, debates e um concerto para retratar a época pretendem mostrar a guerra numa vertente mais cultural.

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Há 100 anos, o mundo assistia ao início da I Guerra Mundial. Embora Portugal só tenha participado em 1917 – o único conflito global de que o país fez parte – a Universidade do Porto (UP) e a associação cultural Replicantes aliaram-se para reavivar a memória dos portuenses e dar a conhecer as marcas culturais que a primeira Grande Guerra deixou na cidade.

O projecto Rememorar 1914 é, de acordo com o Pró-Reitor da UP para a área da Cultura, uma forma de “evocar no presente algo que remete para o passado e ajuda a alargar o futuro”, contribuindo ainda para “construir a identidade da própria Universidade”. Manuel António Janeiro explica que este evento ajuda a marcar o centenário da I Grande Guerra e dá a conhecer elementos associados ao conflito que estão presentes no edifício da Reitoria da UP, como é o caso da estátua em granito em homenagem aos estudantes caídos no conflito.

O programa da iniciativa, apresentado esta quinta-feira na Reitoria, conta com quatro eventos que pretendem, segundo o fundador da Replicantes António Reis, “ver a guerra numa perspectiva mais cultural”.  

Assim, a 17 de Maio o objectivo será, de acordo com António Reis, “devolver alguns momentos do período do conflito” – ainda que existam “muito poucos” – através de um ciclo de cinema, montado em parceria com a Cinemateca Portuguesa. Nos “Olhares do Cinema sobre a Grande Guerra” serão exibidas curtas-metragens do Arquivo Nacional de Imagens em Movimento e o filme “Nosferatu” de Murnau que fornece “uma metáfora da realidade” daquele tempo.

Para descobrir os locais emblemáticos na cidade que têm uma ligação à I Guerra, o historiador e jornalista Germano Silva fará, no último dia de Maio, uma visita guiada denominada “Revisitar os lugares e as memórias do Porto da Grande Guerra”. O percurso terá início no Museu Militar e passará por sítios como a Junta de Freguesia do Bonfim, a Quinta Amarela – situada no edifício ao lado da primeira Faculdade de Letras da Universidade do Porto e onde funcionou em tempos um lar para os filhos dos combatentes – a praça Carlos Alberto, entre outros.

Para uma contextualização mais fundamentada da época, os responsáveis pela iniciativa convidaram alguns professores da Faculdade de Letras da UP, como Manuel Loff e Leonor Soares, entre outros, para discutir temas como o Direito, a Política, a Arte e a História numa conferência a 5 de Junho. Por último, a 13 de Junho haverá, na Praça dos Leões em frente à Reitoria, um concerto de jazz para “retratar como se vivia na época”.

A Replicantes é uma associação cultural que surgiu em Fevereiro de 2014 com o objectivo de promover “actividades não exclusivamente relacionadas com a área do cinema” e assim surge o Rememorar 1914, a primeira iniciativa da associação. Em Junho haverá também uma acção sobre futebol dedicada “aos que não gostam de futebol”. No final de Outubro, vão promover um festival de cinema na cidade.

Texto editado por Ana Fernandes

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