Kerry chegou a Kiev com empréstimo de emergência de mil milhões de dólares

Parlamento ucraniano ratificou o acordo de empréstimo de 610 milhões de euros da União Europeia. Embaixador ucraniano na ONU quantifica em 16 mil os soldados russos deslocados na última semana para a Crimeia.

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John Kerry em Kiev no Altar dos Caídos, na Rua Instituska, uma zona de homenagem às vítimas da violência policial SERGEI SUPINSKY/AFP
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Parlamento ucraniano, na fase de deposição de Ianukovich Maks Levin/Reuters
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Militares, supostamente russos, junto a base ucraniana na Crimeia Baz Ratne/Reuters

Os Estados Unidos anunciaram um auxílio económico à Ucrânia de mil milhões de dólares (cerca de 726 milhões de euros), no quadro de assistência económica internacional. O anúncio da ajuda coincidiu com a chegada do secretário de Estado norte-americano a Kiev, para contactos com o novo regime. Nos seus primeiros passos, foi render homenagem às vítimas da violência policial contra os manifestantes da praça da Independência.

“Venho aqui com instruções do Presidente Barack Obama para tornar claro que os Estados Unidos preferiam que eta crise fosse gerida através das instituições internacionais. Mas se a Rússia não optar por trabalhar com o governo ucraniano, então os nossos parceiros terão de se juntar a nós para alargar os passos tomados nos últimos dias, para a isolar diplomática, política e economicamente”, afirmou o secretário de Estado norte-americano.

Sublinhando que “não houve um súbito crescimento de crimes, nem de saques”, algo que justifique a argumentação de que os cidadãos russos estão em perigo na Ucrânia, John Kerry frisou que a Rússia “esta a ignorar a realidade”. O novo governo formado após a fuga do Presidente Viktor Ianukovich de Kiev “foi aprovado pelo Parlamento ucraniano, inclusivamente por membros do partido do Presidente deposto.”

O Parlamento ucraniano ratificou esta terça-feira o acordo de empréstimo de 610 milhões de euros da União Europeia, que nunca foi assinado pelo então Presidente Viktor Ianukovich. O empréstimo fazia parte do acordo de associação e comércio livre cuja rejeição deu origem aos protestos de rua que levaram à actual crise político-militar.

O Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou entretanto às tropas envolvidas em exercícios no Oeste da Rússia, em zonas fronteiriças com a Ucrânia, que regressem às suas bases, disse um porta-voz. Militares russos mantém o controlo da região autónoma ucraniana da Crimeia, onde algumas forças locais se mantêm fiéis ao governo interino de Kiev.

O porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, que anunciou a suspensão de exercícios em território russo, disse que essas manobras, realizadas nos últimos dias, foram um êxito. O Governo de Moscovo nega que as movimentações desses militares estejam relacionadas com a Ucrânia, embora tenham aumentado a tensão na zona.

A Ucrânia quantificou em 16 mil o número de soldados russos deslocados para a região da Crimeia desde a semana passada. “Desde 24 de Fevereiro, aproximadamente 16 mil soldados russos foram deslocados para a Crimeia em navios militares, helicópteros e aviões de transporte”, disse o embaixador ucraniano nas Nações Unidas, Yuriy Sergeyev,.

Numa reunião do Conselho de Segurança, segunda-feira à noite, a Rússia declarou que a sua intervenção foi uma resposta a pedido do deposto Presidente ucraniano, Viktor Ianukovich, que as autoridades de Moscovo continuam a reconhecer.

O governo de Washington anunciou entretanto a suspensão de contactos militares com a Rússia. A decisão, anunciada pelo almirante John Kirby, abrange exercícios conjuntos, conversações bilaterais, visitas e conferências.

A intervenção militar russa na região ucraniana da Crimeia levou também os Estados Unidos a anunciarem a suspensão das negociações com a Rússia para estreitar laços comerciais e investimentos, noticiou o Wall Street Journal.

Um assessor do Kremlin disse que se os Estados Unidos impuserem sanções à Rússia por causa da Ucrânia, Moscovo pode ser levado a abandonar o dólar como moeda de reserva e a recusar-se a pagar os empréstimos que tem junto de bancos norte-americanos. A declaração foi feita por Sergei Glazyev, um assessor que normalmente toma posições duras, não são necessariamente seguidas pelas autoridades, nota a Reuters. Glazyev disse que se Washington congelar contas de empresários e cidadãos russos, a Rússia pode recomendar que os detentores de títulos do tesouro dos Estados Unidos os vendam.

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